sábado, 29 de junho de 2013

MINHA ENTREVISTA NO SITE DA UNISINOS....

O Concílio Vaticano II não partiu da postura defensiva e desconfiada. Incentivou os jovens a participar e a dar sua contribuição na Igreja, diz o pesquisador da UFSCAR.
Na concepção do pesquisador Paulo Fernando Dalla-Déa, os jovens têm muito a dizer hoje à Igreja. E depois do Concílio Vaticano II, eles passaram a ter cidadania eclesial: “são membros das comunidades e não dependem de uma tutela explícita, como muitos falam e querem. E foi o Concílio que assumiu a responsabilidade de dar vez e voz para a juventude na Igreja, de forma oficial e permanente”. Esta e outras afirmações foram feitas na entrevista que concedeu por e-mail à IHU On-Line, onde defende que, sem oVaticano II, a Igreja não teria olhado e dado chance aos novos protagonistas da história: jovens, mulheres, operários, etc. “Estaríamos com o discurso do enfrentamento do mundo, numa Igreja que se considera o último bastião da salvação e da moralidade. O Concílio tem uma visão positiva desses novos atores sociais e da sociedade. Muitos dizem que era uma visão ingênua, mas sem essa visão positiva, você não consegue trabalhar com nada e com ninguém”.


Paulo Fernando Dalla-Déa é doutor em Teologia pelaEscola Superior de Teologia e mestre em teologia pastoral pelo Centro Universitário Assunção – UNIFAI. É pesquisador do Grupo de Gêneros do Discurso – GEGE, do Departamento de Letras da UFSCAR/SP. Fez estágio pós-doutoral na Université Laval (Quebec), este ano, na área de Ciências da Religião, sobre as expectativas dos adolescentes urbanos com relação à Igreja Católica. 

Confira a entrevista.
IHU On-Line – Em linhas gerais, qual o foco da abordagem que o senhor trará ao falar sobre o tema “O Vaticano II e a juventude”?
Paulo Dalla-Déa – Quero mostrar como a Igreja (por seus discursos oficiais) vê a juventude, antes e depois do Vaticano II. Houve uma evolução, mas ainda falta muito para refletir e fazer. A Igreja ainda fala muito e escuta pouco. É preconceito: os jovens têm muito a dizer hoje à Igreja. Mas, depois do Vaticano II, eles têm cidadania eclesial: são membros das comunidades e não dependem de uma tutela explícita, como muitos falam e querem. E foi o Concílio que assumiu a responsabilidade de dar vez e voz para a juventude na Igreja, de forma oficial e permanente.
IHU On-Line – Quais as principais expectativas dos adolescentes urbanos contemporâneos com relação à Igreja Católica?
Paulo Dalla-Déa – A grande expectativa deles é ter um espaço e poder se manifestar dentro das comunidades. Vi isso quando fiz meu doutorado e perguntei o que eles esperavam da(s) Igreja(s). O que eu ouvi foi muito disso: temos uma Igreja engessada (no ritual, no discurso, nos dogmas, nas pastorais) e eles querem é mais flexibilidade e participação. Eu achava que eles iriam dizer algo como queremos música, dança, etc. Sem o essencial, o resto é só manipulação. E eles sabem disso. Você conhece aquela música que diz que “o jovem no Brasil não é levado a sério”? Pois é, nem na Igreja. Muitos acreditam que o jovem não pode e nem deve se manifestar sem a presença de um adulto. Sem ser tutelado. Os documentos dizem outra coisa, tanto os documentos mundiais como nacionais, mas eles não chegam à realidade de nossas comunidades católicas.
A maioria dos nossos leigos atuantes pouco leem os documentos oficiais ou estudam a teologia. A teologia que muitos conhecem é a do vigário que prega contra ou a favor disso ou daquilo. Ou a teologia pregada por padres midiáticos, que tem um viés bem conservador e alarmista. Claro que muita coisa mudou e está melhorando, mas os jovens continuam sem espaço de opinião e manifestação dentro das comunidades, com raras exceções. E o que eles querem é isto mesmo: um espaço de convivência e de fé em que possam ser jovens. Encontrei esse mesmo problema de esperar espaço de participação na Igreja Anglicana. Então, parece que não é um problema apenas católico, mas de igrejas de perfil mais tradicional, com um viés mais conservador, que, no caso, se traduz por uma desconfiança na juventude.
IHU On-Line – Como o Vaticano II contribuiu para a visão de Igreja que os jovens possuem hoje?
Paulo Dalla-Déa – Sem o Vaticano II a Igreja não teria olhado e dado chance aos novos protagonistas da história: jovens, mulheres, operários, etc. Estaríamos com o discurso do enfrentamento do mundo, numa Igreja que se considera o último bastião da salvação e da moralidade. O Concílio tem uma visão positiva desses novos atores sociais e da sociedade. Muitos dizem que era uma visão ingênua, mas sem essa visão positiva, você não consegue trabalhar com nada e com ninguém. Só a partir dela é que se consegue fazer algo. Foi assim, com Cirilo e Metódio, evangelizando os eslavos, foi assim com Matteo Ricci na China, foi assim com os jesuítas nas missões da América Latina. Sem uma visão de aproximação positiva, nem estaríamos aqui falando sobre isso.
IHU On-Line – Qual a especificidade do discurso religioso do Vaticano II no que se refere à mensagem direcionada aos jovens?
Paulo Dalla-Déa – Creio que mais do que conceitos, aqui vale a postura: o Concílio não partiu da postura defensiva e desconfiada. Incentivou os jovens a participar e a dar sua contribuição na Igreja. Eles são até convidados a fazer apostolado (termo da época): são missionários mesmo antes de amadurecer totalmente como pessoas e como cristãos. Aqui está a novidade: a confiança de que o Espírito Santo age em todos os batizados, não só no clero. (Apostolicam Actuositatem, números 9, 12, 30 e 33). Isso parece pouco, mas muda tudo.
IHU On-Line – Gostaria de acrescentar mais algum comentário sobre o tema?
Paulo Dalla-Déa – Creio que a importância do Vaticano II está sendo restaurada pelo Papa Francisco, que é mais sóbrio, tem uma palavra mais fresca e simpática e que valoriza as pessoas. Tem um estilo e um discurso diferentes deBento XVI. Mas torço, rezo e espero que isso não seja só discurso e nem apenas estilo pessoal: precisamos de uma Igreja menos monárquica, menos centralizadora e menos absolutista. Mais voltada para valores democráticos e evangélicos. Não um ou outro, mais os dois: evangélicos e democráticos.
Atualmente sofremos o peso de uma Igreja paquidérmica: muita instituição, muitos departamentos e dicastérios, muitos rituais, muito tudo. Precisamos de uma estrutura mais leve, porque um elefante dança, mas a que peso e a que custo? O Vaticano II nos colocou em uma dinâmica nova, de colegialidade e de mais respeito. O Vaticano II soube escutar as vozes dos novos atores sociais e eclesiais.
Hoje, precisamos escutar e dinamizar essa visão. Temos ainda outros atores que foram surgindo, novas demandas nas comunidades eclesiais por todo o mundo. Retomar ao conteúdo e à prática do Concílio é ouvir com respeito todas essas vozes e saber que a unidade da Igreja não se faz na uniformidade, mas na beleza de uma polifonia regida na caridade do respeito das identidades diferentes. Permita-me citar Ítalo Calvino, que nas demandas para um novo milênio nos lembrava da leveza. É dessa leveza do Evangelho que o Concílio nos fala e nos impulsiona.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Fatores novos nas manifestações desses tempos


Antes que alguém me acuse de isso ou aquilo, quero deixar claro que eu apoio, acho justo e PARTICIPO dos protestos que estão acontecendo no país. Demorou muito pra sair mais o povo agora andou tomando as ruas e os governos andam como baratas tontas tentando entender o que acontece...
E não é só o governo do país, em suas mais variadas instâncias políticas, os intelectuais também. Como faço parte da classe, quero aqui dar o meu pitaco.
Somos um país que sempre considerou a rua como algo de ninguém. O lixo jogado nelas, as calçadas mal e porcamente conservadas, o transporte público deixado de lado porque são os pobres que usam..  Tudo isso só mostra que a rua sempre foi considerada um espaço de ninguém, onde reina o caos. Onde o governo não se importa e o povo não considera sua.
Quando eu era pequeno as pessoas diziam "ou vc dá educação pra seu filho, ou ele vai APRENDER NA RUA..." Isso era considerado bastante ruim, porque a rua era lugar de ninguém, sem lei e sem ordem.
Agora as coisas parecem estar se modificando. Além de sair pras ruas, o povo está descobrindo (com a ajuda da propaganda da FIAT) que a "rua é a maior arquibancada do Brasil", ou seja: que a rua reflete a organização social que temos no país. Palco de festa, de manifestação e de organização política, onde a vida deve acontecer.
Ainda não temos uma rua segura (nem de ladrões, nem de policiais truculentos e nem de vândalos), mas estamos redescobrindo que a política se exerce nela. Que ela não é o lugar do caos, mas que ela é o lugar da reinvenção de u país melhor, mais democrático e mais seguro. Por essas e outras coisas, acredito que a rua vai começar a ser melhor tratada no Brasil. Que - aos poucos - não vamos deixá-las com tanto lixo e sem cuidados. Porque, nelas, se jogou uma partida decisiva da redemocratização efetiva do país.
Agora, ficou CULT sair pras ruas. Creio que nem todo mundo é politizado assim que se importa, alguns estão no meio porque fica legal estar participando.
Se todos os estudantes do Brasil - que postam diariamente no FACEBOOK pra valorizar a educação - ajudassem a valorizar os professores e cobrassem dos políticos mais e melhores aulas, as coisas não mudariam? Mas eles mesmos muitas vezes são os primeiros a reclamar de ir pra escola, de ter aulas, provas e professores. Pra muitos, professor legal é aquele que faz dancinha na aula e não o que ensina.Perigo de transformar as aulas em show de talentos.
Mas mesmo assim, está valendo sair nas ruas e cobrar, mesmo que a rua seja também um espaço para fazer  passeio JUNTO com as cobranças políticas. Porque, mesmo assim será dessa forma que vamos começar a mudar o país.

domingo, 23 de junho de 2013

Quando vai chegar a mudança na Igreja Católica?


Aproveitando o fato dessas 2 semanas de manifestações, gostaria de refletir um pouco sobre a Igreja. No Brasil, "o gigante acordou" e viu que as demandas e as necessidades diárias da população não são atendidas e resolveu ir às ruas cobrar menos corrupção e mais eficiência de um estado grande, balofo e sem fõlego para acelerar o seu ritmo. Muita burocracia que dá margem a desvios de verbas públicas encobertos no meio de tanta papelada e de tanto processo administrativo. Um Estado que mantem muita gente trabalhando sem saber o que faz.
O problema é que a Igreja Católica está nesse mesmo gigantismo faz séculos. Paróquias tem se tornado estruturas caras e administrativamente ineficazes muitas vezes. Cria-se paróquia para acomodar interesses do clero ou da administração, e com isso se criam pastorais, secretarias, casas paroquias, compram-se carros e reformam-se patrimônios que não tem a mínima eficácia. Gira-se sobre o próprio peso, sustentando-se. Às vezes acho que alguns padres acabam sendo obrigados a empurrar pedras ladeira acima, como nos trabalhos de Hércules. Sustentam uma estrutura administrativa pesada e ineficaz, que não pode ser mudada para não melindrar certos esquemas e certas pessoas.
Vi isso recentemente no Canadá: a diocese de Québec está fazendo um grande esforço de re-estruturar as paróquias, eliminando umas e deixando outras, para minimizar o gasto. Vendendo prédios obsoletos que precisam de reforma e não tem mais povo. Vi lá uma igreja que estava se tornando uma biblioteca pública (Igreja São Luis, rei de França, na ville de Québec.) Legal, mas eles não conseguiam perceber o essencial: antes de tudo, a Igreja tem que ir ao povo, visitar as famílias, atrair e empolgar os jovens, ser carinhoso e acolhedor com as crianças e com os velhos doentes. Isso o Papa Francisco anda falando muito, mas as pessoas não tem percebido direito que - se a Igreja não for missionária, não será Igreja (Paulo VI - Evangelii Nuntiandi) Pois não foi para construir e manter prédios históricos que a Igreja foi fundada por Jesus, o Cristo. Mas para promover as pessoas e fazê-las experimentar viver na caridade, no respeito, no perdão, na partilha e   na paz (isso se chama salvação): viver e experimentar tudo isso numa comunidade que será uma família de Deus. E tudo isso pode-se fazer sem prédios ou com uma estrutura mínima. Quando a Igreja se preocupa demais com prédios e estruturas perdeu o foco do principal: os prédios são para a comunidade se reunir e não pra ela conservar, edificar e restaurar.
Precisamos de gente indignada que recoloque tudo no lugar. Hoje temos muitas reuniões e esforços financeiros para nada ou para manter as estruturas que existem, mas tenho visto pouco ou nenhum esforço em ir procurar as ovelhas que estão fora do rebanho. Ou de estender o rebanho a outras ovelhas mais ariscas...
Vamos aproveitar a JMJ pra ver se conseguimos chacoalhar a Igreja do Brasil, ainda tao acomodada e ritualista. Precisamos de gente que acorde o gigante que está na fé católica de muitas pessoas, mesmo que elas não sejam exatamente ovelhas dóceis...

sábado, 22 de junho de 2013

PROJETO DE LEI DE PLEBISCITO POPULAR E ANUAL


PROJETO DE LEI DE UM PLEBISCITO ANUAL E OBRIGATÓRIO

(FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL)

Para: Congresso Nacional votar com urgência

É preciso criar novos canais de articulação política que não passe apenas pelos partidos atuais. Por isso, quero que o Congresso Nacional sancione uma lei obrigando todas as esferas (federal, estadual e municipal) a fazer uma consulta popular obrigatória no dia 15 de novembro para que o povo se manifeste para qual finalidade deverá ir o dinheiro do orçamento  (federal, estadual e municipal)  naquele ano. Quais são as prioridades a ser atendidas para que a população se beneficie.
Ainda na mesma lei é preciso que o Ministério Público fiscalize a execução do que foi votado pelo povo e que os governantes que não seguirem o voto popular sejam penalizados com a não-reeleição ou podendo chegar à perda dos seus direitos políticos em casos mais graves.
Peço aos advogados e juristas de plantão melhorem a redação com o linguajar técnico do direito e que me ajudem nessa campanha.

Texto da Lei:
Parágrafo 1. Fica estabelecido em lei que o poder público em todas as suas esferas deverá realizar obrigatoriamente um plebiscito à população para definir quais as metas e prioridades dos gastos públicos do orçamento no ano seguinte.
Parágrafo 2. A elaboração do plebiscito ficará a cargo do Poder Judiciário, com as pautas definidas pelo Poder Executivo de cada esfera governamental.
Parágrafo 3. O ministério público deverá fiscalizar a execução do que for votado pela população pelo poder Executivo.
Parágrafo 4. A não execução do que for votado no plebiscito implicará em perda automática do direito de reeleição pelos governantes das referidas esferas.
Parágrafo 5. A presente lei entra em vigor a partir de sua publicação.


Paulo Fernando Dalla-Déa
Cidadão brasileiro
CIC 074.081.728-07 

CANTAR O HINO NACIONAL E NÃO RESPEITAR PRÉDIOS PÚBLICOS



Sei que tem muita gente focalizando na baderna e no saque de coisas do comércio. Tem muita especulação e muita manipulação nessas (des)informações de guerra. Claro que isso é bom pra muita gente, incluindo os militares e os golpistas de plantão.
Mas precisamos ter a cabeça no lugar e pensar e agir corretamente.
Hoje apenas quero dizer que uma coisa me está afetando: as mesmas pessoas que cantam o hino nacional, depois podem quebrar e pixar prédios públicos. Claro que não é todo mundo, incluindo uma pequena minoria de gente bagunceira ou interessada. Marginais ou gente infiltrada.
Mas o próprio fato de isso existir, me fez pensar numa coisa. Se você conhecer um pouco de psicologia, você vai saber que o adolescente (alguém ainda imaturo que se comporta como tal) não faz a distinção entre o símbolo e o que ele representa. Parece-me que o povo ou a multidão está sabendo distinguir entre o hino (empressão de sentimento nacional) e o governo (expressão administrativa de um país). Saber separar símbolo de realidade é uma das características de evolução psicológica de uma pessoa. Sinal de que ela está amadurecendo e ficando adulta.
A mensagem das ruas é clara: amo o Brasil, mas não amo como as coisas estão organizadas politicamente. Dizendo isso, não quero justificar atos de vandalismo, apenas mostrar que também coletivamente, o nosso povo está ficando mais maduro. A realidade brasileira está amadurecendo a população e que está ficando mais politizada e participativa.
Agora, vale lembrar que também é sinal de maturadade humana saber que as coisas não acontecem na realidade como na fantasia: não basta marchar e gritar palavras de ordem (ou mesmo cantar o hino nacional). Isso não é um feitiço que se coloca e a realidade muda. Nem é um patrono para se afastar os dementadores: só a Ermione pode nos afastar de tantos perigos. E a atitude dela (que quase sempre salvava os dois amigos) era de luta, estudo e trabalho árduo. Essa é a chave política pra ir resolvendo os problemas do Brasil. Manifestações apartidárias não resultam em nada. Se não há os partidos, tem que haver outra mediação pra fazer as coisas acontecer. Todos estamos fartos de discursos, mas a própria manifestação é cheia deles. É o discurso que expressa o que temos dentro, como ideias e como ideais. Pra que ele não fique vazio, temos que achar canais novos que nos ajudem a cobrar e a tirar do poder gente corrupta que já está lá faz tempo.
NÃO DEVEMOS REELEGER MAIS OS QUE ESTÃO NA POLÍTICA! Vamos votar em outros caras e limpar o Congresso e o Senado. Depois, precisamos pressionar para QUE TODO ANO, em 15 de novembro, tenhamos OBRIGATORIAMENTE UM PLEBISCITO pra saber qual a vontade do povo, a fim de que os governantes possam trabalhar com um canal efetivo de escuta das aspirações populares.
Se você gostou do texto, por favor, divulgue e compartilhe a idéia.

#vaiprarua #verásqueumfilhoteunaofogealuta #mudabrasil #plebiscitojá

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Armandinho e os seus comentários


Lógica dos fatos da multidão que toma conta do Brasil

Como todos os meus amigos sabem, no começo do ano fui pro Canadá fazer um pós-doc. Fiquei lá 4 meses e voltei por razões financeiras. É muito difícil se manter num lugar assim apenas rezando missas e sem bolsa do Governo, do CNPQ ou da diocese. Infelizmente para a CNPQ e o Governo, a área de humanas não é ciência. Não interessa que pesquisadores das humanas se qualifiquem, afinal um povo burro e dominado é um bom povo para se governar. Infelizmente (e com vergonha digo isso) pra minha diocese vale o mesmo raciocínio: um bom padre não é um padre que se qualifica, mas alguém submisso ao poder do bispo e sujeito às fofocas dos círculos eclesiásticos dominados pela inveja e pelo carreirismo.
Ainda bem que o Papa Francisco anda batendo forte nisso, mas creio que ainda assim vai demorar umas décadas pra mudar essa cultura entre os padres diocesanos...
Bem, voltei ao Brasil e estou orgulhoso de estar aqui em meio aos protestos que estão acontecendo. Embora esteja mais vendo pela TV do que participando efetivamente (participei do Diretas Já e do Fora Collor, já como padre), quero dizer aqui o que estou vendo. Até que enfim o povo acordou e não está mais mudo. Um povo mudo não muda a realidade. É preciso que nossos políticos ouçam as vozes das ruas que eles representam.
Como não estou mergulhado no movimento (que é de jovens indignados) posso ver mais de longe e com mais horizonte.
Fora a manipulação da mídia, tenho visto que os quebra-quebra parecem seguir uma lógica. Estão sendo quebrados: ministérios e prefeituras  símbolos de que a população está indignada com a administração política e corrupta do patrimônio público.
Tenho amigos e parentes na polícia e estou vendo a corda bamba em que estão se equilibrando: tendo que baixar o pau nos manifestantes, muitos seus parentes e conhecidos. Nunca tinha visto tanta polícia na rua. De onde saiu tanta gente? Dos quarteis?
Depois dos prédios públicos, os manifestantes mais exaltados tem voltado sua ação depredativa para: pedágios, ônibus, sinais de trânsito e radares. Símbolos de uma mobilidade urbana que não existe ou existe apenas pra quem tem carro. O cúmulo dessa lógica perversa eu vi na Ponte Espraiada de São Paulo: inaugurada faz pouco tempo, não foi concebida pra passar mais do que carros. E as bicicletas? e os pedestres? E os ônibus? E o metrô? Nada: a mobilidade urbana só existe (e precariamente porque as estradas e ruas são péssimas) para quem tem carro. O ideal mesmo é ter helicóptero nesse país.
Pra onde vai tanto imposto relacionado aos carros, às suas peças, ao IPVA, CID e tanta coisa? É um roubo mesmo que fazem a todos em todos os momentos.
Sem contar que parte da tarifa de ônibus (não posso provar, mas desconfio) vai para propinas com os políticos eleitos. Se não fosse isso, como justificar empresas de ônibus que há mais de 30 ou 40 anos estão em cidades onde o seu serviço é precário, sujo, ruim e caro?
O movimento atual tem poucos vândalos. Mas os governantes estão com o C*** na mão, porque o movimento me lembra a Queda da Bastilha, início da Revolução Francesa que mandou pra guilhotina reis, rainhas, condes e duques (também bispos e padres) que estavam envolvidos com corrupção e má administração.  Basta saber um pouco mais de história. Claro que a Revolução Francesa teve muitos excessos e que a Igreja nunca a reconheceu, preferindo até hoje o regime monárquico.( O papa ainda é um rei de direito absoluto.) Mas se alguém não quiser nunca errar, não fará nada.
Espero que a lógica das ruas seja entendida pela mídia e pelos políticos, porque o povo não vai desenhar para os seus governantes. Espero que a mobilização indignada permaneça e se expresse nas urnas. Não há manipulação midiática que resista à uma Internet livre.
Espero que o governo e a Igreja entendam o ditado antigo: a voz do povo é a voz de Deus e a escutem. Será que nós das Igrejas não estamos muito nas sacristias e nos púlpitos, sem fazer companhia para o povo (que é de Deus)? Hoje a voz de Deus está se manifestando nas ruas e na organização feita a partir do Facebook e do Twitter. E onde está nossa fé que não nos empurra para o meio do movimento? Temo que a história seja implacável mais uma vez conosco, que vivemos do medo. Jesus disse aos seus apóstolos: Coragem, não temais. Estou cm vocês!
Bom dia indignado a todos os que saem do Facebook e estão indo pras ruas.

#vaiprarua #VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeÀLuta  #mudaBrasil #OGiganteAcordou #SemViolencia


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Marcha Para Jesus? Pra quem?


Reproduzo aqui um artigo do Pastor Ageu Cirilo de Magalhães Júnior, da Igreja Presbiteriana, que contesta todo esse movimento evangélico da MARCHA PARA JESUS.
FONTE: http://www.pulpitocristao.com/2013/05/dez-motivos-para-nao-participar-da-marcha-para-jesus/




DEZ MOTIVOS PARA NÃO PARTICIPAR DA MARCHA PARA JESUS.

Por Rev. Ageu Cirilo de Magalhães Jr.
No dia, 03/09/2009, o então Presidente da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus.
Estavam ali, naquele ato, alguns líderes do governo, juntamente com o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella, e os bispos da Igreja Renascer em Cristo, Estevam e Sônia Hernandes. A sanção do presidente veio apenas tornar oficial uma prática que se repete a cada ano. Considerando o tamanho do evento e a quantidade de irmãos que mobiliza, alisto abaixo dez motivos que cada cristão deveria considerar para não participar desta marcha. As informações que dão base à análise podem ser encontradas em sites de promoção da marcha:
1. A igreja que organiza a maior parte da marcha é conduzida por um homem que se autodenomina apóstolo. Este é um erro cada vez mais frequente em algumas denominações. É sabido que o título “apóstolo” foi reservado àquele primeiro grupo de homens escolhidos por Cristo. Após a traição e suicídio de Judas, os apóstolos escolheram outro para ocupar seu lugar (At 1.15-20), mas, como foi feita esta escolha? Que critérios foram usados? 1º) Ter sido discípulo de Jesus durante o seu ministério terreno; 2º) Ter sido testemunha ocular do Cristo ressurreto. Portanto, ninguém que não tenha sido contemporâneo de Cristo ou dos apóstolos (como Paulo o foi) pode sustentar para si o título de apóstolo;
2. A igreja que organiza a marcha ensina a Teologia da prosperidade (crença de que o cristão deve ser próspero financeiramente), Confissão positiva (crença no poder profético das palavras — assim como Deus falou e tudo foi criado, eu também falo e tudo acontece), Quebra de maldições (convicção de que podem existir maldições, mesmo na vida dos já salvos por Cristo) e Espíritos territoriais (crença em espíritos malignos que governam sob determinadas áreas de uma cidade);
3. A filosofia da marcha está fundamentada em uma Teologia Triunfalista (tudo sempre vai dar certo, não existem problemas na vida do crente), tendo como base textos como Êxodo 14 (passagem de Israel no mar Vermelho) e Josué 6 (destruição de Jericó);
4. De acordo com os sites que organizam a marcha, uma das finalidades dela é promover curas e libertações;
5. A marcha não celebra culto, mas “show gospel”;
6. Os líderes do movimento propagam que a marcha tem o poder de “mudar o destino de uma nação”;
7. Na visão do grupo, com base em Josué 1.3: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado”, a marcha é uma reivindicação do lugar por onde passam na cidade;
8. Na visão do grupo, a marcha serve para tapar as “brechas deixadas pelos atos ímpios de nossa nação”;
9. Na visão do grupo, a marcha destrói “fortalezas erguidas pelo inimigo em certas áreas em nossas cidades e regiões”;
10. A marcha tem caráter isolacionista, próprio de gueto, e não o que Cristo nos ensinou, a saber, envolvimento amplo na sociedade, como sal e luz (Mt 5.13-16), com irrepreensível testemunho cristão: “…mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1 Pe 2.12).
Ademais, é importante observar que toda a organização da marcha está centrada nas mãos de uma igreja apenas, excluindo-se o alegado caráter de união entre os evangélicos.
Tanta força e entusiasmo deveriam ser canalizados para a pregação do evangelho. As pesquisas indicam que os evangélicos já somam 25% da população brasileira, no entanto, a imoralidade, a corrupção e a violência estão cada vez maiores em nosso país. Os canais de TV, os programas de rádio, bem como as marchas não têm gerado transformação de vida em nosso povo.
A marcha que Cristo ensinou à sua igreja foi outra, silenciosa e efetiva, tal qual o sal penetrando no alimento (Mt 5.13); pessoal e de relacionamento, como na igreja primitiva (At 8.4); cotidiana e sem cessar, como entre os primeiros convertidos (At 2.42-47).
Que Deus nos restaure essa visão.
***
Sobre o autor: Rev. Ageu Cirilo é pastor da Igreja Presbiteriana Vila Guarani, São Paulo, diretor doJMC e membro do Conselho Editorial da CEP.
Texto extraído do jornal Brasil Presbiteriano de Maio de 2013, via Web Evangelista / Bereianos.
Obs.: Aproveitando este artigo do Rev. Ageu, sugiro também a leitura de um artigo de minha autoria sobre o mesmo assunto, escrito em 2012, onde faço uma abordagem mais ampla: “A Marcha que nunca foi para Jesus.” Ruy.