terça-feira, 26 de julho de 2011

Um entrevista antiga, mas com um tema atual

Achei esta entrevista do Pe Tranferetti, que nao foi meu professor, mas o conheço pessoalmente e sei da seriedade de seu trabalho. Vc nao precisa concordar com tudo - como nem eu concordo com tudo o que ele fala - mas acho interessante o posicionamento e os argumentos que ele invoca:

domingo, 15 de abril de 2007
Cristianismo x Homossexualidade
Reproduzimos abaixo um artigo e uma entrevista do padre católico José Antônio Trasferetti, publicados pela imprensa no período em que se tentou aprovar pela primeira vez o Projeto de lei de Parceria Civil Registrada (PCR). Trasferetti é Doutor em teologia moral e professor na PUC de Campinas e defende a participação dos homossexuais na Igreja e a aprovação do projeto de PCR. http://www.estoufelizassim.hpg.ig.com.br/

Entrevista: Padre Trasferetti - Uma pastoral gay

Nos últimos dois anos, o padre José Antônio Trasferetti, 38 anos, foi diversas vezes chamado de "padre gay" e "padre das bichas". Em 1995, ele foi premiado com o troféu Triângulo Rosa, conferido pelo Grupo Gay da Bahia, o mais ativo defensor dos direitos dos homossexuais no Brasil. O padre ganhou o prêmio pelo empenho em abrir as portas da Igreja para os homossexuais. Responsável pela paróquia de São Geraldo Magela, na periferia de Campinas, em São Paulo,
Trasferetti começou a se envolver com o tema por causa da proximidade geográfica. Sua igreja é vizinha de um dos pontos de prostituição da cidade. Professor de teologia moral na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, ele encontrou na campanha da fraternidade de 1995, que tratava dos excluídos, o argumento que faltava para assumir um projeto inovador. Desde então, o padre passou a convocar travestis e homossexuais que faziam ponto na região a participar do trabalho da comunidade. Trasferetti entende que muitos homossexuais têm fé, mas estavam afastados da Igreja por serem tratados como excluídos sociais. Ele considera o homossexualismo uma opção e não um pecado ou anomalia, como sustentam os preceitos da Igreja, seguidamente reafirmados pelo papa João Paulo II.

Nesta entrevista a ISTOÉ, o padre conta como tem conseguido superar as críticas feitas pela comunidade e agita sua principal bandeira: a criação de uma pastoral gay, a exemplo das que existem para as questões da terra ou dos negros.

ISTOÉ - Por que o Sr. começou a trabalhar com homossexuais, mesmo sabendo que a Igreja Católica só admite as relações sexuais para a procriação?
José Antônio Trasferetti - Minha paróquia está em uma região onde habitam cerca de 60 mil pessoas. Bem próximo a ela fica a zona de prostituição da cidade, por onde também circulam gays e travestis. Trabalhei aqui pela primeira vez entre 1983 e 1987, mas não despertei para essa gente. Depois fui para Roma, onde defendi duas teses, e voltei em 1994. Só atentei para os homossexuais com a Campanha da Fraternidade de 1995, que tratava dos excluídos. Foi assim que percebi o quanto essas pessoas são excluídas, inclusive pela Igreja, e até se auto-excluem. Então, comecei um trabalho de aproximação.

ISTOÉ - E como foi essa aproximação? Como o Sr. foi recebido?
Trasferetti - Constatamos que só no centro de Campinas circulam cerca de 300 travestis. Descobri que em uma única casa, próxima à minha igreja, moravam nove deles e fui fazer uma visita. No início, ficaram ressabiados, mas mostraram um grande interesse em manter uma amizade e também em freqüentar a igreja. O primeiro pedido feito por esse grupo de travestis foi uma Bíblia e uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Depois de vários encontros com os homossexuais foi possível saber que a maioria deles acredita em Deus, foi batizada na Igreja e tem profunda religiosidade. Eles são oriundos de famílias vindas da roça, com forte formação católica.

ISTOÉ - O homossexualismo é visto como um pecado pela Igreja. Como, então, levar pessoas que vivem em permanente pecado para dentro da Igreja
Trasferetti - Essa é uma questão de tolerância. Não podemos ser tão severos. Em qualquer paróquia encontramos jovens que praticam sexo antes do casamento, muitos com 15, 16 anos. Muitas moças casam grávidas, há os que vivem juntos sem serem casados. Outros abandonam o primeiro casamento e se casam de novo e muitos são infiéis em seus casamentos. São situações que, se forem encaradas ao pé da letra, colocam todos fora da Igreja. Mas a Igreja é tolerante. No caso dos homossexuais, a coisa é diferente.

ISTOÉ - Por quê?
Trasferetti - A Igreja não aceita a prática do homossexualismo. Se o sujeito for gay, porém casto, não está cometendo nenhum pecado. A Igreja considera as relações genitais entre pessoas do mesmo sexo um ato desordenado, uma anomalia. Isso precisa ser revisto. Há casais homossexuais que vivem 15, 20 anos juntos, que são íntegros, trabalham e são felizes em seu modo de ser.

ISTOÉ - O Sr., então, é um rebelde, que discorda da posição da Igreja
Trasferetti - Eu sou padre. O problema é que tenho na região de minha paróquia homossexuais, travestis que têm famílias aqui, que são religiosos e acho que devo dar atenção a eles. A Igreja entende que o modo de vida deles está errado, mas não vou também discriminá-los. Assim como recebo os outros que não vivem de acordo com os preceitos da Igreja, os recebo também. Defendo que não basta condená-los. A Igreja deveria dar mais atenção a essa gente e acabar com a homofobia.

ISTOÉ - Mas, para o Sr., o homossexualismo é uma anomalia?
Trasferetti - Acho que é uma opção de vida. Mas é preciso fazer certa distinção. Há homossexuais anômalos e heteros anômalos. Um tarado, por exemplo, é anormal mesmo sendo heterossexual. A anomalia não está em ser hetero ou homo e sim na forma como o indivíduo vive a sua condição sexual.

ISTOÉ - E como enfrentar essa distinção?
Trasferetti - Falta ao nosso tempo uma educação sexual mais rígida, uma educação ética e moral mais rígida. Vivemos uma época de crise ética. Os valores e até a própria vida perderam o sentido. Mata-se, engravida-se ou perde-se a virgindade como se estivesse assistindo à televisão. Tudo está banalizado. Os valores humanos estão banalizados.

ISTOÉ - O que fazer diante desse quadro?
Trasferetti - Mais do que controlar moralmente as pessoas, temos que trabalhar para uma educação ética do povo brasileiro. Esse é um trabalho exclusivo da Igreja, que perdeu muito espaço na mídia. Temos que ajudar a juventude a encontrar seus caminhos com mais responsabilidade.

ISTOÉ - E nesses caminhos aos quais o Sr. se refere está a aceitação da homossexualidade?
Trasferetti - O grande desafio é encontrar um meio que eduque mas não castre. A sexualidade não é uma questão exata, cartesiana. Outro dia, um paroquiano casado e com filhos veio até aqui para me narrar seu drama. Ele disse que amava a esposa, mas não se sentia totalmente feliz, pois tinha tendências homossexuais. Conheço pessoas que viveram mais de 30 anos como heterossexuais e depois se encontraram em uma relação homossexual. Em janeiro, estive na Universidade de Notre Dame, em Indiana, nos Estados Unidos, e assisti a debates e palestras sobre a homofobia. Lá, encontrei um padre que se declarou publicamente homossexual e celibatário. A Igreja não pode condená-lo.

ISTOÉ - Qual é exatamente o trabalho que o Sr. desenvolve com os homossexuais?
Trasferetti - É um trabalho para ajudá-los a descobrir sua verdadeira identidade. Na verdade, minha idéia não é transformá-los em heteros, mas evitar que a opção sexual seja um elemento que desagregue a família. Muitos, quando começam a se descobrir gays, passam por um período muito difícil. Não encontram apoio na família, nem na escola, nem no trabalho. Não podemos fechar mais uma porta a eles.

ISTOÉ - Qual foi a reação da comunidade ao perceber que o Sr. estava empenhado na aproximação com os gays?
Trasferetti - No começo houve muita preocupação. Muitos tinham dificuldades para entender esse comportamento e vieram perguntar se a igreja não ficaria cheia de homossexuais, se era certo um gay entrar na igreja. Outros me trataram com deboche, chegavam a dizer: "Lá vem o padre das bichas." Mas não tardaram a aceitar, até porque minha paróquia abriga muitos familiares desses homossexuais.

ISTOÉ - E na PUC, onde o Sr. leciona teologia moral?
Trasferetti - Dentro da sala de aula, transmito apenas o pensamento da Igreja e não minha posição pessoal. O tema, no entanto, gerou grande interesse entre os estudantes. Grande parte usou de ironia. Alguns me procuraram para contar discretamente que eram gays. Mas o fato de tornar público o meu trabalho contribuiu para a formação de um grupo de estudantes homossexuais, que se chama Expressão e tem como presidente um aluno do curso de direito.

ISTOÉ - Recentemente, alguns padres e até bispos que tomaram posições mais progressistas dentro da Igreja acabaram sofrendo represálias da hierarquia. Com o Sr. há algum tipo de cerceamento?
Trasferetti - Não. O arcebispo de Campinas, dom Gilberto Pereira Lopes, apenas me pediu para ficar atento e que o tema fosse tratado com a delicadeza e profundidade que merece. O vice-presidente da CNBB, dom Jaime Chemello, deu uma entrevista em Campinas na qual reconheceu a importância de meu trabalho junto aos homossexuais.

ISTOÉ - O Sr. imagina, então, que a Igreja pode vir a aceitar o homossexualismo como uma opção?
Trasferetti - Essa é uma questão muito complicada. Entendo que o papa João Paulo II é um progressista na questão social. É um papa que defende a luta pelos direitos humanos, que fala e cobra a reforma agrária e melhor distribuição de renda, que tece críticas aos governos autoritários e prioriza a justiça social. Mas, sob o ponto de vista institucional, ele é extremamente ortodoxo.

ISTOÉ - Esta postura rígida não é um dos componentes responsáveis pela diminuição de fiéis da Igreja Católica no Brasil?
Trasferetti - É claro. Não só de fiéis como também de padres e de agentes pastorais. Na assistência às pessoas, o importante é não insistir nas regras, nos dogmas. Com viciados, prostituídos, não podemos insistir na doutrina. Primeiro temos que acolhê-los. No futuro, podemos até transformar essas pessoas. Não se vê na televisão, nos testemunhos da Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, o sujeito dizendo que era viciado e que de repente se converteu? É preciso dialogar com a sociedade e nesse diálogo mudar certas posições. A Igreja precisa, por exemplo, discutir os direitos do homossexual como discute o de qualquer ser humano. A Igreja Católica precisa escutar os sinais do tempo. É preciso uma certa abertura.

ISTOÉ - Inclusive em sua hierarquia? Na questão do celibato, por exemplo, vários padres estão deixando a Igreja para se casar e os seminários não estão formando gente em quantidade suficiente. Não há uma crise mais séria
Trasferetti - Sim. O jovem que quer ser missionário no Amazonas seria celibatário para se dedicar a grandes causas. Outro que quer trabalhar na cidade, numa paróquia, deveria poder se casar. A Igreja precisa pensar na ordenação de homens casados. Tenho aqui na comunidade pessoas profundamente boas, capazes e que poderiam ser ordenadas padres. A situação de esvaziamento da Igreja é preocupante. Hoje, um padre atende a diversas paróquias e algumas podem ter até mais de 100 mil habitantes. O pároco não pode dar conta sozinho e tudo está centralizado no padre. É preciso descentralizar.

ISTOÉ - O Sr. acredita que projetos como o da deputada Marta Suplicy (PT-SP), que legaliza a união civil de duas pessoas do mesmo sexo, podem fazer com que os homossexuais se sintam menos excluídos?
Trasferetti - Independentemente de se aceitar ou não o homossexualismo, acho que projetos desse tipo tratam de cidadania, de direitos humanos e por isso são muito importantes. Até mesmo a Igreja que condena o homossexualismo fala, em diversos documentos, que não se deve permitir a exclusão seja de negros ou índios.

ISTOÉ - Mas a Igreja ou se omite ou critica projetos como esse. O Sr. nunca foi advertido por defender essas posições?
Trasferetti - Sim. Muitos citaram a Bíblia para dizer que eu estava errado. Há dois textos do Levítico que se referem diretamente ao homossexualismo e o condenam, falam que é uma coisa abominável um homem deitar-se com outro homem. No Novo Testamento, tem dois ou três textos de São Paulo que também condenam o homossexual. Mas, nos evangelhos que relatam a prática de Jesus, não há nenhuma condenação.

ISTOÉ - No Gênesis, narra-se a criação do homem e da mulher...
Trasferetti - Quem escreveu a Bíblia foram os homens. Por que Adão pecou? Por culpa da mulher. Essa não deixa de ser uma interpretação machista. Ao mexer com esse tema se mexe com o fundamento da história da humanidade.

ISTOÉ - No Brasil, há outros padres que desenvolvam trabalhos semelhantes ao seu?
Trasferetti - Conheço artigos de alguns teólogos, mas não tenho ciência de nenhuma outra paróquia que faça um trabalho voltado para esse segmento da população. Defendo a criação de uma pastoral do homossexual justamente para poder ampliar e enriquecer essa experiência. É importante dizer que não estamos falando do homossexual que vai para Miami. Me refiro sempre aos pobres, que não têm acolhida em nenhum outro lugar. Um sem-terra, por exemplo, é excluído, mas participa da sociedade. Os gays não. Principalmente os travestis.

ISTOÉ - Mesmo em sua comunidade eles ainda se sentem excluídos
Trasferetti - Muitos vão para a Igreja, mas dizem que ainda se sentem clandestinos. Principalmente os travestis, embora alguns já estejam trabalhando em suas comunidades, onde vivem suas famílias.

ISTOÉ - Em 1995, o Sr. foi escolhido pelo Grupo Gay da Bahia como uma das sete personalidades mais importantes e recebeu o troféu Triângulo Rosa, o Oscar dos homossexuais brasileiros. Como foi receber essa homenagem
Trasferetti - Foi o reconhecimento de meu trabalho. É bom que a sociedade saiba que há um padre defendendo os homossexuais e que acha que a Igreja deve mudar de comportamento. Porém, muitas pessoas ironizaram o prêmio. Me chamaram de padre gay, mas lhes disse que um padre não precisa ser negro para defender os negros.

ISTOÉ - O que o Sr. achou da campanha de prevenção da Aids veiculada no Carnaval deste ano?
Trasferetti - Esse negócio de falar bota a camisinha nele, bota a camisinha no peru... Na verdade isso não está educando ninguém. Isso não envolve responsabilidade. No meu entender, você está estimulando o seguinte: bota a camisinha e mete o pau. Perdeu-se um espaço para transmitir valores mais sólidos

Mais sobre Trasferetti:

O Padre José Antonio Trasferetti, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Doutor em Teologia na Itália pela Pontifícia Universitas Lateranensis e em Filosofia no mesmo país pela Pontifícia Universitas Gregoriana, em obra de co-autoria com o Sacerdote franciscano Bernardino Leers, intitulada "Homossexuais e Ética Cristã" Campinas, 2002, Ed. Átomo, pág.41, chega à seguinte conclusão:

"Talvez o debate sobre homossexualidade esteja preso numa luta de poder, mas apesar de todos os riscos o debate continua e há de continuar. Com a felicidade de pessoas humanas não se brinca. Pena é que a razão humana não seja capaz de destruir por passo mágico o furtivo fantasma de uma fobia, profundamente ancorada na cultura popular".

* Entrevista publicada na Revista ISTOÉ em 26 de fevereiro de 1997.** Artigo publicado no Jornal Correio Popular de Campinas de 29 de março de 1997.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

ZENIT - A pior discriminação sexual: eliminação de meninas

Achei este artigo muito interessante. A gente cre que apenas Hitler fazia eugenia (= manipulaçao médica e melhoramento genético humano). Desconfio que a situaçao nao exista apenas na China, mas em muitos laboratórios genéticos do Ocidente tb.

ZENIT - A pior discriminação sexual: eliminação de meninas

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Igreja e midias sociais - Muito interessante!!!

Fonte: UNISINOS

Os novos passos da Igreja nas mídias sociais


Quando se trata de redes sociais, alguns católicos são lentos para clicar no botão "curtir". Ao ler as manchetes recentes, você poderia pensar que a Igreja está aderindo às tábuas de pedra: "Facebook e o cristianismo são uma má combinação, adverte paróquia" e "Igreja do Alabama proíbe redes sociais para menores".

A reportagem é de Heidi Schlumpf, publicada no sítio National Catholic Reporter, 01-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Mas, para cada Igreja de João Câncio, uma paróquia de Chicago cujos líderes alertaram para os perigos do Facebook em seu boletim de abril, há uma Igreja de São Patrício, uma paróquia de Chicago que usa o Facebook e o Twitter para informar os mais de 2 mil seguidores sobre o seu próximo festival de verão e outros eventos. E embora as políticas contra o fato de professores e estudantes se adicionarem nas redes estejam se tornando comuns nas escolas católicas e públicas, até mesmo o Papa Bento XVI tem seu próprio canal no YouTube para se conectar com os jovens católicos.

Pouco conhecida pela velocidade com que adota a tecnologia moderna, a Igreja está decida mas lentamente juntando-se às massas nos sites de redes sociais como Facebook, MySpace e Twitter. Existem hoje mais contas de rede social do que pessoas no mundo, e milhares pertencem a clérigos, irmãs, paróquias, escolas, publicações e outras organizações católicas.

“Usados corretamente, os sites de redes sociais podem ajudar os católicos a se comunicar e a construir comunidade”, diz Lisa Hendey, que dá oficinas sobre as novas mídias católicas e que estava entre os 150 católicos de todo o mundo convidados para um encontro para blogueiros no Vaticano em maio.

"Muitas das nossas paróquias, infelizmente, são lugares onde as pessoas aparecem no domingo de manhã e depois, durante o resto da semana, jamais pensam sobre sua conexão com a Igreja". Hendey contou que 360 pessoas se conectaram para uma webconferência sobre Ministério Digital e Mídias Sociais no dia 26 de abril. "O uso dessas ferramentas realmente vai nos ajudar a trazer um senso de comunidade que pode inspirar e conduzir os fiéis mais em direção a Deus e a uns aos outros nos outros seis dias da semana".

O painel online foi promovido pela Ave Maria Press em associação com a Conferência Nacional de Lideranças Catequéticas e a Associação Nacional para o Ministério Leigo.

Simplesmente hospedar um site atualizado de uma paróquia ou de outra organização católica não é mais suficiente, afirma Hendey. Com relativamente pouco investimento financeiro e voluntários ou funcionários de tempo parcial e especialistas em tecnologia, as paróquias poderiam e deveriam se conectar e promover a si próprias no Facebook e no Twitter, oferecendo vídeos e áudios online no YouTube ou em outros sites, compartilhando fotos entre os membros do Flickr ou de um site semelhante, e enviando malas-diretas e textos para seus membros que têm telefones inteligentes.

Se isso soa como algo esmagador, não é preciso ter medo, diz Hendey, que coordena todas as atividades citadas acima, não só para sua paróquia (como uma funcionária de nove horas semanais), mas também para o seu próprio ministério, CatholicMom.com. A chave é usar ferramentas que ajudem a agilizar e organizar seus contatos e informações. Assim, o tempo online não nos afasta da família e da oração.

"Essas tecnologias são ferramentas, e não brinquedos", disse ela. "Você não vai me encontrar jogando Farmville no Facebook. Quando eu estou presente nesses lugares, é como parte das minhas responsabilidades profissionais para com a minha paróquia e o ministério que eu administro".

Em vez de apenas entrar no Facebook, as paróquias deveriam primeiro criar uma equipe para desenvolver um plano e metas para seu uso das mídias sociais, aconselha Hendey. A equipe deve avaliar como essas tecnologias se encaixam no esquema de comunicação e de evangelização em geral da paróquia ou do grupo, acrescenta.

Se alguns paroquianos ou líderes da paróquia estiverem relutantes, lembre-os que até mesmo o papa defendeu o uso das mídias sociais no ministério em suas recente mensagens para o Dia Mundial das Comunicações. "Este é um presente para geeks como eu", disse Hendey. "É com essa motivação que os ministros digitais avançam no uso da comunicação social".

Recomendações

Hendey tem inúmeras dicas para os iniciantes em mídias sociais. Entre as recomendações de software: Blogger ou o WordPress para blogs ou sites; HootSuite ou TweetDeck para postagem múltipla; Vimeo ou GodTube para vídeos; libsyn.com para podcasting; Ustream para streaming de vídeo e flockNote para textos.

Outros conselhos: use as mídias móveis, de modo que você possa postar do seu telefone, agendar posts previamente e definir o bloqueio de profanidades nas configurações máximas. E não use as mídias sociais apenas para postar anúncios. Construa uma comunidade com fotos, vídeos, pedidos de oração. Anuncie eventos, aceite inscrições e depois dê continuidade com pesquisas pós-evento.

Ao contrário dos adolescentes que gostam de se gabar de quantas pessoas os estão seguindo no Twitter, Hendey não se preocupa com números. "Construa relacionamentos, não números", aconselha. "Essas sementinhas vão crescer. Preocupe-se mais com a qualidade da comunicação".

Hendey também alertou sobre os potenciais perigos das mídias sociais. Como mãe de dois adolescentes e autora de The Handbook for Catholic Moms [O manual para mamães católicas], ela se preocupa especialmente com o ciberbullying e o assédio online dos jovens.

As organizações católicas devem respeitar a política do Facebook de não permitir a entrada de membros menores de 13 anos e devem ter moderadores duais, não apenas para compartilhar a carga de trabalho, mas também porque dois pares de olhos são melhores do que um para a moderação, diz ela. Eles também devem seguir quaisquer orientações para mídias sociais ou para um "ambiente seguro" da paróquia, da diocese ou da Conferência dos Bispos dos EUA.

As diretrizes dos bispos sobre as mídias sociais sugerem que os sites católicos postem um "código de conduta", como o existente em sua página do Facebook, que incentiva a "caridade cristã e o respeito pela verdade" e recomenda o bloqueio daqueles que se recusam a cumprir o código.

Eles também observam que os funcionários ou voluntários da Igreja representam a Igreja, seja em sites "públicos" ou "privados". "Não há como ser desonesto quando você está online", disse Hendey. "Você está representando a Igreja e por isso você deve estar ciente não apenas dos desejos do seu próprio pastor, mas da Igreja em geral".

Ela também acredita que os sites das paróquias e outros sites oficiais católicos devem conter apenas informações que estejam de acordo com o ensino da Igreja. "Para muitas pessoas que visitam o site da sua paróquia ou se conectam com você no Facebook, você pode ser o único contato que elas têm com a Igreja", disse ela.

Apesar de ser uma defensora animadas das redes sociais no ministério, Hendey reconhece que o tempo online pode prejudicar os outros relacionamentos e o tempo de oração pessoal. "Precisamos prestar atenção para a nossa relação e a nossa vida de fé do mundo real", disse ela, "não nos tornando tão ocupados com o uso de tecnologia a ponto de negligenciarmos esses relacionamentos ou o relacionamento mais importante, com Deus".

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A IGREJA ESTÁ SABENDO USAR AS MIDIAS SOCIAIS???

ESTE TEXTO ENCONTREI NO SITE AMAI-VOS, MAS EU MESMO PODERIA TER ESCRITO ISTO. VAI MUITO DE ENCONTRO COM A MINHA TESE DE DOUTORADO...

A Igreja está sabendo chegar às pessoas na era digital?, pergunta jesuíta americano
Essa é a pergunta de partida para a análise é de James Martin, SJ, editor de cultura da revista dos jesuítas dos EUA, America. O artigo é uma adaptação de um discurso proferido pelo autor no Dia Mundial das Comunicações de 2010, promovido pela Diocese de Brooklyn. O texto foi publicado na revista America, 30-06-2011. Eis o texto.

O termo da indústria para o apelo de um site da Internet é "pegajoso". Os visitantes (ou os "olhos") grudam em um site se ele for interessante, vivo, útil, provocativo e atraente em geral. Por outro lado, a "taxa de rejeição" se refere à frequência com que os visitantes iniciais navegam para fora de uma página a um site diferente. Ser "pegajoso" é bom; "saltitante" é ruim.

Quão saltitantes ou pegajosos são os sites católicos? Mais amplamente, como a Igreja está usando as mídias sociais e digitais em sua missão de espalhar o Evangelho? Uma vez que "a Igreja" pode significar muitas coisas, vamos estreitar o tópico: como aqueles que trabalham nas organizações da Igreja deste país estão usando as mídias socias e digitais?

Primeiro, as boas notícias. Nestes dias, quase todas as organizações e dioceses católicas e a maioria das paróquias têm uma firme presença na Web. Disponíveis tanto aos devotos quanto aos duvidosos, esses sites são repositórios de informações úteis. Pode-se verificar editoriais no jornal diocesano, acompanhar o blog do pastor (e ler sua última homilia), fazer doações a uma instituição de caridade católica favorita e verificar os horários das missas. Um site atualizado é uma necessidade tão grande hoje quanto um boletim paroquial semanal (ou como costumava ser).

Mais boas notícias: a Conferência dos Bispos dos EUA obteve um grande sucesso no mundo das mídias sociais. Ela possui mais de 29 mil "fãs" no Facebook, onde a conferência às vezes promove concursos de conhecimentos gerais e onde os fãs usam a página para discussões animadas. A conferência também mantém o seu próprio canal no YouTube e frequentemente atualiza seu Twitter.

A má notícia é que diversos sites católicos não têm imaginação, são difíceis de navegar, cheios de links mortos e parecem que não foram redesenhados desde o governo Clinton (1993-2001). No mundo impresso, os editores de revistas são encorajados a redesenhar suas publicações a cada cinco anos. Na Web, a reinvenção acontece mais frequentemente. Se o meio é a mensagem, então a mensagem é que a Igreja muitas vezes é uma retardatária. Mais lamentável do que a aparência é o conteúdo: enquanto os sites da Igreja são repositórios de informação, eles também não são nada mais do que isso muitas vezes. Embora os horários de missa e as informações para doações sejam importantes, um bom site requer mais do que apenas fatos crus. Como os filósofos poderiam dizer, essas são condições necessárias mas não suficientes para a "pegajosidade".

Grande parte dos bons sites são atualizados diariamente. Se eles querem olhos jovens, então isso é feito várias vezes ao dia. E bons administradores da Web postam não apenas textos, mas também vídeos, podcasts, apresentações de slides e conversas interativas. Senão, ele ou ela não deveriam se surpreender com uma falta de visitantes. Aqueles que se perguntam se é realmente possível atualizar sites diariamente fariam muito bem em lembrar que há muita coisa acontecendo na nossa Igreja. Por isso, não é difícil ser criativo: aponte para os espectadores notícias internacionais da Igreja que de outra forma eles não veriam; faça upload de vídeos de palestrantes católicos; link artigos das suas revistas católicas favoritas (dica); indique novas (ou velhas) obras de arte católicas; e poste a última nota de imprensa do Vaticano.

Muito ocupado?

Muitos funcionários da Igreja podem dizer: "Você está louco? Eu estou muito ocupado!". Mas não atualizar é como ter um microfone na paróquia que não funciona. Um padre ou um diácono poderiam fazer homilias que coloquem São João Crisóstomo no chão, mas, se ninguém pode ouvi-las, para quê servem? Da mesma forma, se as organizações eclesiais não mantêm um site ou blog vivo, poucas pessoas – especialmente os jovens, que obtêm suas informações digitalmente – irão visitar esses sites e ouvir a mensagem da Igreja, ou mesmo se importar se a Igreja está falando.

De volta às boas notícias: a Igreja oficial entrou no ritmo na blogosfera. O arcebispo Timothy Dolan, de Nova York, bloga religiosamente (trocadilho intencional). O mesmo é feito pelo cardeal Sean O'Malley, OFMCap, de Boston, que complementa seu blog com fotos. A blogosfera é um lugar natural para comunicadores articulados, e há muitos deles na Igreja. Mas os blogs apresentam desafios significativos, como encorajar o diálogo entre os leitores e a construção de uma espécie de comunidade virtual. Dê uma olhada em alguns blogs diocesanos e observe quantos comentários existem: muitas vezes o número é zero.

Por que zero? Muitas vezes, porque o blogueiro posta e depois vai embora. Parafraseando o comentário de Truman Capote sobre Jack Kerouac, isso não é blogar, isso é publicar. Responder aos comentadores incentiva mais pessoas a ler, a postar e a discutir. Essa prática não existe sem seus próprios perigos. É fácil se atolar em e-batalhas teológicas obscuras.

Aceitar e publicar comentários, mesmo aqueles que não se alinham ao ensinamento da Igreja, é outro desafio que exige – além da catequese paciente – a caridade constante. Ainda mais caridade é necessária quando os comentários se tornam ad hominem [contra a pessoa]. In omnibus caritas [em tudo, caridade], como o Beato João XXIII gostava de dizer. É fácil de dizer, mas é difícil fazer quando alguém diz que você é um idiota, um herege (ou ambos), ou que você deveria ser, como alguém disse recentemente a mim de verdade, sumariamente laicizado.

Duvidando dos "odiadores"

Uma área onde a relação da Igreja institucional com a mídia digital está se dando mal é na sua própria leitura de blogs. Podemos prestar muita atenção àqueles que são chamados de "odiadores". Não poucos bispos, administradores, teólogos, pensadores, escritores, padres, irmãos e irmãs católicos têm sido vilipendiados sem nenhuma boa razão em blogs católicos, cuja razão de ser é policiar, condenar e atacar. Alguns sites parecem ter se configurado como um magistério baseado na Internet, mesmo quando os inquisidores têm pouco ou nenhuma perspicácia teológica. Afinal, na Internet, ninguém sabe que você não é Hans Urs von Balthasar.

Às vezes, esses ataques pingam por toda a Web e encontram seu caminho à escola católica onde os alvos dos ataques trabalham, à universidade onde eles ensinam ou à diocese em que eles ministram. Portanto, uma ressalva: não acredite em tudo o que você lê na blogosfera. Lembre-se que os autores de alguns blogs chamados católicos nem sempre são confiáveis. É melhor checar com o sujeito do ataque.

Linguagens e modalidades

Voltemos a como a Igreja pode utilizar melhor as mídias digitais para difundir o Evangelho. Com relação às mídias (um pouco) mais recentes, a Igreja ainda está brincando de esconde-esconde. Isso é compreensível: os funcionários da Igreja são pessoas ocupadas. Mas a falta de atenção pode dar a impressão involuntária de que a Igreja considera o Facebook, o YouTube e o Twitter como algo abaixo deles ou inerentemente risível. "Você tuíta?", perguntou-me um padre recentemente. "Para quê?". Quando eu lhe disse que eu posto homilias de 140 caracteres todas as manhãs, ele revirou os olhos.

Minha resposta foi esta: a Igreja quer seriamente chegar aos jovens? Refiro-me a pessoas que são realmente jovens – não apenas abaixo dos 50, mas com menos de 25 anos – homens e mulheres jovens na faculdade ou no ensino médio. A Igreja anseia por chegar aos jovens, mas ela está disposta a falar não apenas na linguagem dos jovens, mas nos modos que eles costumam falar? Ou será que a Igreja espera que eles venham até ela e falem, por assim dizer, em sua própria linguagem?

Jesus, aliás, pediu que seus seguidores fossem até os confins da terra, e não apenas aos lugares em que eles se sentissem confortáveis. E Jesus não se sentou ao redor de Cafarnaum esperando que as pessoas fossem a ele. Às vezes, as pessoas iam à casa onde estava hospedado. Mais frequentemente, ele ia até elas. E, mais importante, Jesus falou em uma linguagem que as pessoas compreendiam e usou a mídia que as pessoas achavam acessível.

Usndo um modo de comunicação especificamente projetado para atingir seu público, as parábolas de Jesus eram histórias vívidas que ele tirava da vida cotidiana – contos simples sobre agricultores que plantam sementes, mulheres que varrem suas casas, um homem que é espancado por ladrões – e entendia facilmente as histórias da natureza – um grão de mostarda, lírios, pássaros, nuvens. Jesus falava a linguagem do povo do seu tempo, usava exemplos das suas vidas cotidianas e oferecia tudo isso de um modo que eles apreciavam. Ele não tinha medo de ser visto como indigno ao falar sobre lugares comuns como sementes de mostarda ou ovelhas. O Filho de Deus não via isso como algo abaixo dele. E, se ele não considerava o fato de falar em estilos familiares como algo indigno, então por que nós deveríamos?

O administrador pastor ou bispo da Igreja verdadeiramente criativo pode até pensar para além dos modos atuais e no campo que emerge mais rapidamente em termos de oportunidade digital: as comunicações móveis, o desenvolvimento de aplicativos móveis e de aplicativos projetados especificamente para computadores tablet (como o iPad).

As aves do céu

Em todos os tempos, a Igreja usou todas as mídias que estavam disponíveis para espalhar a boa nova. Jesus usou parábolas tiradas da natureza e da vida cotidiana; São Paulo usou cartas para chegar aos primeiros cristãos; Santo Agostinho praticamente inventou a forma da autobiografia; os construtores das grandes catedrais medievais usaram pedra e vitrais; os papas da Renascença usaram não apenas bulas papais, mas também afrescos coloridos; Hildegard de Bingen, alguns dizem, escreveu uma das primeiras óperas; Santo Inácio de Loyola incentivou os primeiros jesuítas a escrever e a publicar panfletos; e os primeiros jesuítas usaram o teatro e a dramaturgia para apresentar a moral em encenações para vilarejos inteiros; Dorothy Day fundou um jornal; Daniel Lord, SJ, entrou para o rádio; Dom Fulton Sheen usou a televisão com um efeito deslumbrante; e agora temos bispos e padres, irmãs e irmãos e líderes católicos leigos que blogam e tuítam.

Nenhum meio está abaixo de nós quando se trata de proclamar o Evangelho, especialmente aos jovens. Isso inclui sites, mas também todas as mídias sociais e digitais. Que triste seria se não usássemos as ferramentas mais recentes à nossa disposição para comunicar a palavra de Deus. Se Jesus podia falar sobre as aves do céu, então nós seguramente podemos tuitar.