Notícias do Sínodo dos Bispos 22 - Pe. Lima
O grande evento eclesial do Sínodo dos Bispos de 2012 foi
encerrado com a solene liturgia eucarística, presidida pelo Papa e concelebrado
pela maioria de seus participantes. Foi a quarta grande e bela liturgia da qual
participamos durante o Sínodo. Como informei durante as três semanas, os únicos
momentos de oração em comum dos cerca de 400 participantes, eram:
1.
No início da manhã a récita da hora média
da Liturgia das Horas (tércia)
também com certa solenidade, quer pelos salmos todos cantados (a assembleia
alternava com parte do coro da capela sistina presente), quer pela leitura breve com todos os ritos solenes
da missa (entrada da Palavra de Deus ladeada pelos ceruferários) e proclamação
solene do texto bíblico. Seguia-se uma homilia de 8 a 10 minutos proferida no
primeiro dia pelo Papa, e depois por um dos padres sinodais (a penúltima, na
sexta feira passada foi feita pelo brasileiro Dom Benedito Beni, bispo de
Lorena, em italiano). Após a oração final, sempre se cantava uma das cinco antífonas tradicionais de Nossa Senhora,
sempre em latim.
2.
No início da sessão da tarde, rezava-se apenas uma simples oração de início de
trabalho (Actiones nostras ou uma oração pelo bom êxito do Sínodo).
Entretando,
quatro belíssimas e concorridíssimas Eucaristias, foram celebradas pelo Papa;
concelebramos a primeira e última, e participamos da segunda e terceira. A
primeira foi a abertura no dia 06 de Outubro; a segunda, no dia 11, comemorando
os 50 anos do Concílio, 20 anos do Catecismo
da Igreja Católica e abertura do Ano da Fé; a terceira foi no domingo dia
22, quando foram canonizados 7 santos de diversa procedência, cultura e que
viveram modalidades diferentes de evangelização. A quarta e última, foi a
Eucaristia de Conclusão do Sínodo, ontem, dia 28. As três primeiras, pelo seu
caráter multitudinário, foram celebradas na Praça São Pedro, ao passo que a
última foi dentro da maravilhosa Basílica Vaticana.
Entretanto,
o imenso espaço litúrgico da Basílica Patriarcal do Vaticano tornou-se pequeno
para acolher a grande quantidade de celebrantes e fieis que lá compareceram.
Muitos tiveram que participar fora da basílica, através dos telões. Estavam
presentes a quase maioria dos 400 participantes do Sínodo, cardeais, bispos,
sacerdotes, revestidos dos paramentos solenes. Como sempre destacavam-se os de
rito oriental, pomposos em seus trajes litúrgicos.
O
momento sempre esperado é a homilia do Papa. E dessa vez, como sempre ele fez
um magistral comentário ao texto da liturgia dominical (cego Bartimeu), falando
da cegueira de muitas pessoas que vivem em regiões de antiga evangelização,
onde a luz da fé se ofuscou, e se afastaram de Deus, deixando de considerá-Lo
relevante para a própria vida e, portanto, necessitados de uma Nova
Evangelização: “São as inúmeras pessoas
que precisam de uma nova evangelização, isto é, de um novo encontro com Jesus,
o Cristo, o Filho de Deus que pode voltar a abrir os seus olhos, a ensinar-lhes
o caminho”. Não só para essas pessoas é necessária uma nova
evangelização; ela é para toda a Igreja, que deve ser animada pelo fogo do
Espírito.A partir de aí fez uma interessante síntese dos trabalhos conciliares,
relevando esses três pontos:
1. O primeiro
diz respeito à vida interna da Igreja, aos Sacramentos
da Iniciação cristã. "É necessário fazer uma catequese que realmente
inicie as pessoas (adultos, jovens e crianças) no mistério de Jesus, de tal
modo que sejam bem preparadas para receber os três sacramentos: Batismo, Confirmação e Eucaristia". É interessante notar que, quando Bento XVI se refere a esses
sacramentos, ele usa sempre essa ordem: batismo, confirmação e eucaristia, que
não é a tradicional. Creio que ele pensa que deveríamos alterar a sequência dos
sacramentos de iniciação cristã! Ao lado deles, está a importância do Sacramento da Penitência (tão acentuada
durante o Sínodo) e a vida dos Santos, verdadeiros protagonistas da nova
evangelização, através dos exemplos de vida que nos dão.
2. O segundo
ponto da Nova Evangelização, conforme Bento XVI, é a missão ad gentes (aos povos pagãos), para a qual são chamados
consagrados e leigos. Assim se expressou: “Foi afirmado, durante o Sínodo, que há muitos ambientes na África, Ásia e
Oceania, onde os habitantes aguardam com viva expectativa – às vezes sem estar
plenamente conscientes disso – o primeiro anuncio do Evangelho. Por isso é
preciso pedir ao Espírito Santo que suscite na Igreja um renovado dinamismo
missionário, cujos protagonistas sejam, de modo especial, os agentes pastorais
e féis leigos”. Tal tipo de evangelização é facilitada pela globalização
e a deslocação de populações dentro ou fora do país; os migrantes têm
possibilidade de levar sua fé onde quer que estejam.
3. O terceiro ponto da nova evangelização diz respeito às
pessoas batizadas, mas que não vivem as exigências do Batismo. Tais pessoas
encontram-se em todos os continentes, especialmente nos mais secularizados. "A Igreja dedica-lhes uma atenção especial, para que encontrem de novo
Jesus Cristo, redescubram a alegria da fé e voltem à prática religiosa na
comunidade dos fiéis. Para além dos métodos tradicionais de pastoral, sempre
válidos, a Igreja procura lançar mão de novos métodos, valendo-se também de
novas linguagens, apropriadas às diversas culturas do mundo, para implementar
um diálogo de simpatia e amizade que se fundamenta em Deus que é Amor". Para isso a Igreja se serve dos métodos tradicionais de pastoral e
procura novos métodos, novas linguagens mais apropriadas para as diversas
culturas do mundo. "O Pátio dos Gentios", assim como a "missão continental" mostram o esforço de
criatividade pastoral para realizar essa missão.
Voltando ao cego
Bartimeu, curado por Jesus, Bento XVI concluiu dizendo: "Assim são os novos
evangelizadores: pessoas que fizeram a experiência de ser curadas por Deus,
através de Jesus Cristo".
Como nas três missas
anteriores, também nessa o rito foi soleníssimo, brilhou o coro da Capela
Sistina, afinadíssimo e com novas e modernas melodias, conduzido pelo maestro
salesiano Pe. Massimo Palombela. A orquestra de metais, novamente deu grande
solenidade a Rito. Ao final da celebração, o diácono, ao invés de cantar a
tradicional despedida, usou essas palavras: "A missa terminou, ide em paz
anunciar o Evangelho".
Com essas palavras
concluiu-se a XIII Assembleia Geral Ordinária dos Bispos, cada um retornando às
próprias bases, com a sensação do dever cumprido, animados e cheios de
entusiasmo, para não só como pessoas trabalharem na nova evangelização, mas
sobretudo para serem animadores de seus irmãos no árduo e empenhativo trabalho
de uma Nova Evangelização.
Roma, 29 de Outubro de 2012, segunda
feira
Pe.
Luiz Alves de Lima, sdb.