APROVADAS
AS PROPOSIÇÕES E ENCERRADAS AS
SESSÕES DO SÍNODO
Uma reviravolta no texto sobre catequese... muito melhor!
Chegamos
finalmente à última sessão da XIII Assembleia Geral Ordinária dos Bispos. Foram
22 sessões plenárias e 4 reuniões dos Circuli
Minori. Ouvimos um total de 429 intervenções (discursos). O Sínodo produziu
2 grandes documentos: a Mensagem ao Povo de Deus, um pouco longa, mas cheia de conteúdo
e numa linguagem bastante coloquial, incisiva, esperançosa e otimista. E o
elenco das 58 Proposições (ao final foi acrescentada mais uma),
texto de muito conteúdo, e consequentemente com linguagem mais formal, declarativa
e um tanto técnica. Elas recolhem o que de melhor foi abordado ao longo das
três semanas de trabalho.
Conforme
uma prática já consolidada desde o primeiro sínodo e posteriormente confirmada,
essa assembleia episcopal não faz um documento, do tipo, por exemplo, das Diretrizes Gerais ou do Diretório Nacional de Catequese. De
fato, essas Proposições não possuem
uma finalidade em si, mas são entregues ao Papa para que ele, assessorado pela
Comissão Permanente para o Sínodo, renovada nessa Assembleia por votação,
redija uma Exortação Apostólica a ser
apresentada a toda a Igreja. Daí o segredo e a reserva sobre tal documento. A
outra razão, mais citada, é que o Sínodo é um organismo consultivo e não tem poder de decisão... Isso, a meu ver,
enfraquece aquela finalidade de colegialidade
pela qual o Sínodo foi criado!
As
proposições são grandes afirmações,
em linguagem sintética, a respeito de um problema importante referente ao tema
principal, no nosso caso, a Nova
Evangelização para a transmissão da fé. E por serem "entregues"
ao Papa, são cercadas do máximo segredo... como já tive oportunidade de falar.
Mas,
no mundo de hoje, é difícil guardar segredo. Por isso, desde que Bento XVI
assumiu o pontificado romano, ele autorizou a publicação, em versão oficiosa e
não oficial, dessas Proposições. Assim,
já está sendo veiculado na Internet o elenco das 58 Proposições, inicialmente em inglês (língua em que foram escritas,
pois o Relator Geral, Dom Donald W. Wuerl, é americano), e logo em seguida
certamente surgirão traduções, se é que já não foram feitas! Pelo que consta,
nem o Osservatore Romano e muito
menos outro órgão oficial da Santa Sé irão publicadas: são reservadas ao Papa!
Ele esteve presente quase o tempo todo, e hoje,na alocução ao meio dia (no Angelus), disse:
"De
minha parte, ouvi e tomei nota de muitos itens de reflexão e muitas propostas
que, com a ajuda da Secretaria do Sínodo e de meus colaboradores, procurarei
colocar em ordem e elaborar, para oferecer à toda a Igreja, uma síntese
orgânica e indicações coerentes. Podemos dizer que deste Sínodo sai reforçado o
empenho pela renovação espiritual da mesma Igreja, para poder renovar
espiritualmente o mundo secularizado. Tal renovação virá da redescoberta de Jesus
Cristo, da sua verdade e da sua graça, do seu rosto, tão humano e ao mesmo tempo tão divino, sobre o qual
resplandece o mistério transcendente de Deus".
A
última sessão foi bastante longa. Inicialmente, o Secretário Geral comunicou os
três nomes indicados pelo Papa para completar o Conselho Permanente do Sínodo: Card. Donald William Wuerl (relator
geral desse Sínodo), o Card. Salvador Fisichella e Dom Pedro Herkulan Malchuk,
ofm, arcebispo de Kiev. Informa que dos 12 grupos linguísticos vieram 529 propostas
de alterações nas 57 proposições, que agora são 58; foram integradas na medida
em que corrigiam, aperfeiçoavam ou ampliavam o texto anterior.
A
seguir, tanto o Relator Geral (D. W. Wuerl), como o Secretário Especial (P.-M.
Carré) prosseguiram a leitura, iniciada ontem, das Proposições, em sua segunda edição definitiva. Durante a leitura
nós, assessores, tivemos o privilégio de receber uma cópia... milagre! E também
fomos somente nós que ficamos com elas, pois a cópia que os bispos receberam
foram devolvidas ao final, com a própria votação. Assim, pudemos acompanhar
melhor e perceber mais concretamente onde houve alterações.
Terminada
a longa e pausada leitura, houve a votação eletrônica, com três alternativas: Placet (voto positivo), Non placet (voto negativo) e Absentio (abstenção). Dos 260 padres
sinodais, no máximo 251 votaram, pois um ou outro se ausentava por algum
motivo, ou mesmo já tinham viajado, ou se emaranhavam nas teclas do controle
(hipótese mais plausível)...
A sala do
Sínodo é muito bem equipada com os modernos recursos eletrônicos, como já
acontece em muitos lugares. Do próprio lugar, através de uma espécie de
controle remoto, cada um fazia sua votação e o resultado era imediatamente
exibido nos telões. Houve aprovação de todos as proposições. Deve ter havido
alguma falha nos equipamentos, pois sempre havia 1 voto negativo ou uma
abstenção, até para Proposições que
falavam da Santíssima Trindade como fonte
da Nova Evangelização, ou sobre Nossa
Senhora, Estrela da Nova Evangelização... isso chegou a provocar risos
entre os votantes...
Como
já disse, o que mais me chamou a atenção (e nem poderia deixar de ser...), foi
o número 29 que, na redação anterior
falava apenas do catecismo. Fiquei
contentíssimo, pois a proposta que eu fizera no grupo linguístico foi
plenamente acolhido, e, também pela "pressão" de outros grupos, a proposição ficou totalmente reformulada.
O texto que falava do catecismo foi
bastante reduzido, ficando no final, e acrescentados, no início, três
parágrafos, para nós, importantíssimos, pois falam da catequese, do catequista e
ainda (surpresa!), acrescentou uma abertura para o reconhecimento do ministério do catequista. Certamente foi a Proposição que mais recebeu radical
mudança, o que explica também o elevado número de votos negativos (mas nem
tanto...)
De
fato, no momento da votação deste no. 29,
que trata da catequese, participaram 250 votantes. Foi aprovado por larga
maioria, ou seja: 229 placet, 17 non placet e 3 Abstenções. Aliás, todas
as proposições foram aprovadas assim, com ampla maioria. Outras proposições que
receberam pouquíssimos non placet
foram: 17. Preâmbulos da fé e
teologia da credibilidade: 18 non placet
e 5 abstenções; 18. NE e mídia: 16 non p.
e 2 abs.; 20. NE e via da beleza: 15 non p.
e 6 abs.; 30. A
teologia: 19 non p. e 2 abs.; 33. Sacramento da Penitência e NE: 12 non p. e 2 abs.; 37. O
Sacramento da Confirmação na NE: 18 non p. e 6 abs.; 38. A Iniciação Cristã e NE:
13 non p. e 5 abs.; 40. O novo Conselho para a NE:16 non p.
e 8 abs.; 43. Os dons hierárquicos e carismáticos: 20 non p. e 7 abs.; 46. A
cooperação de homens e mulheres na Igreja: 17 non p. e 6 abs.; 52.
Diálogo ecumênico: 14 non p. e 4 abs.;
53. Diálogo entre as religiões: 20 e
5 abs.; 54. Diálogo entre ciência e
fé: 14 non p. e 2 abs.; 55. Átrio dos gentios: 20 e 3 abs.; 56. O cuidado da criação: 11 non p. e 3 abs.
Além
desse no. 29, sobre a catequese, catequistas e catecismo, há vários
outros que tocam no tema da catequese, como o no. 28 A catequese de adultos,
que recebeu 240 placet, 8 non p. e 2 abs.; o no. 37. O Sacramento da Confirmação na NE: 18 non p. e 6 abs.; e ainda o no. 38. A
Iniciação Cristã e a Nova Evangelização: 13 non p. e 5 abs. Ao falar da
família, no no. 48, os pais e os
avós são exortados a educarem as crianças e adolescentes na fé. Por fim, quando
se fala da formação sacerdotal no no. 49
A dimensão pastoral do ministério
ordenado, pede-se que os futuros sacerdotes sejam formados "na
capacidade de comunicar-se na catequese".
Na
sessão da tarde, a última das 22 que tivemos, além dos discursos formais de
agradecimentos, saudações e augúrios, o Papa espontaneamente tomou a palavra e
confirmou que a escolha dos 6 novos cardeais, foi para ampliar mais a
representação da catolicidade da Igreja, pois a maioria deles são de regiões
onde não há representação cardinalícia. E a segunda notícia, para nós foi mais
importante. Disse Bento XVI que, depois de muito refletir, rezar e consultar
seus assessores, ele resolveu fazer pequena modificação nas competências de
duas Congregações da Cúria Romana: passar o cuidado dos seminários para a
Congregação para o Clero (estava antes na Congregação para a Educação Católica)
e passar a animação da catequese (que estava na Congregação para o Clero), para
o novo Pontifício Conselho para a Nova
Evangelização. Tais notícias foram recebidas com muito aplauso, e eu,
pessoalmente, achei excelente, pois a catequese encontra, dentro da estrutura
governamental da Igreja, um lugar bem mais significativo e próprio, pois
profundamente ligado à Evangelização. Esta notícia estava na primeira página do
Osservatore Romano de hoje, e,
naturalmente já circulando na Internet! O encarregado por desse Pontifício Conselho para a Nova
Evangelização é Dom Salvador Fisichella, teólogo bastante conceituado nos
dias de hoje.
Apresento
novamente o título das 58 Proposições
aprovadas, pois houve modificações significativas, assinaladas com o tipo itálico:
Introdução: 1. Documentos a
serem enviados ao Papa; 2. Agradecimentos do Sínodo. 3. Sobre as Igrejas Católicas Orientais para a NE.
Capítulo I: A
Natureza da Nova Evangelização
4.
A Santíssima Trindade, fonte da Nova Evangelização
5.
A Nova Evangelização e a inculturação
6.
A proclamação do Evangelho
7.
Nova Evangelização como aspecto da missão permanente da Igreja\
8.
Testemunhas num mundo secularizado
9.
A Nova Evangelização e o Primeiro Anúncio
10.
O direito de proclamar e ouvir o
Evangelho
11.
A Nova Evangelização e a leitura orante da Sagrada Escritura
12.
Os documentos do Concílio Vaticano II
Cap. II: O
contexto do Ministério da Igreja hoje
13.
As provocações da nossa época
14.
A Nova Evangelização e a Reconciliação
15.
A Nova Evangelização e os direitos humanos
16.
A liberdade religiosa
17.
Os preâmbulos da fé e a teologia da credibilidade
18.
A Nova Evangelização e as comunicações sociais
19.
A Nova Evangelização e a promoção humana
20.
A Nova Evangelização e a via da beleza
21.
As migrações
22.
A conversão
23.
A santidade e os novos evangelizadores
24.
A doutrina Social da Igreja
25.
Cenários urbanos da Nova Evangelização
Capítulo III -
As respostas pastorais para as circunstâncias de hoje
26.
As Paróquias e outros contextos eclesiais
27.
A educação
28.
A catequese de adultos
29.
A
catequese, os catequistas e o catecismo
30.
A Teologia
31.
A Nova Evangelização e a opção pelos pobres
32.
Os enfermos
33.
O Sacramento da Penitência e a Nova Evangelização
34.
O domingo e dias festivos
35.
A Liturgia
36.
A dimensão espiritual da Nova
Evangelização
37.
O Sacramento da Confirmação na Nova Evangelização
38.
A Iniciação Cristã e a Nova Evangelização
39.
A piedade popular e a Nova
Evangelização
40.
O Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização
Capítulo IV -
Agentes e participantes da Nova Evangelização
41.
A Nova Evangelização e a Igreja Particular
42.
A atividade pastoral integrada
43.
Os dons hierárquicos e carismáticos
44.
A Nova Evangelização na Paróquia
45.
O papel dos fieis leigos na Nova Evangelização
46.
A cooperação dos homens e das mulheres na
Igreja
47.
A formação dos Evangelizadores
48.
A família cristã
49.
A dimensão pastoral do ministério
ordenado
50.
A vida consagrada
51.
Os jovens e a Nova Evangelização
52.
O diálogo Ecumênico
53.
O diálogo inter-religioso
54.
O diálogo entre ciência e fé
55.
O átrio dos gentios
56.
O meio ambiente
57.
A fé cristã que deve ser transmitida
Conclusão:
58. Maria, Estrela da Nova Evangelização.
Roma, 28 de Outubro de 2012, Domingo - ENCERRAMENTO DO SÍNODO
Pe. Luiz Alves de Lima,
sdb.
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