sábado, 29 de janeiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Artigo publicado

Gente do blog:


Não tenho certeza se a autoria do texto sobre o BBB é do Luiz Fernando Veríssimo mesmo. Por isto, retirei a autoria e publiquei de novo. Eu concordo com o texto, mas tenho dúvidas sobre o autor. Ao publicar o texto aqui, faço meu o texto. Concordo com tudo o que diz. Abraços

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Artigo interessante!!!

BIG BROTHER BRASIL


Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE....

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.

Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ler a Bíblia, orar, meditar, passear com os filhos, ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós.... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade. Um abismo chama outro abismo.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Um artigo lúcido sobre a camisinha e a posição oficial do Vaticano

O Papa e os preservativos: mudar ou não mudar? Artigo de Anthony Egan, jesuíta


Em uma entrevista publicada esta semana como um livro intitulado "Luz do mundo", o Papa Bento XVI faz algumas observações sobre o uso dos preservativos na prevenção da propagação do HIV, que foram amplamente divulgadas nos últimos dias. O jesuíta sul-africano Anthony Egan sugere que, embora os comentários do Papa, ao contrário do que foi noticiado, não marcam uma ruptura com a doutrina católica, há de fato uma inovação sutil por trás de suas palavras.

Anthony Egan SJ, doutor em ciências políticas, é membro do Instituto Jesuíta, em Joanesburgo, na África do Sul. Ele leciona no St. Augustine College of South Africa, em Joanesburgo, e no St. John Vianney Seminary, em Pretória.

O artigo foi publicado no sítio Thinking Faith, a revista eletrônica dos jesuítas da Inglaterra, 24-11-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

O Papa mudou de ideia? Os preservativos são bons? E a "Humanae Vitae"? Essas são as perguntas que muitos têm feito desde o lançamento dos comentários do Papa Bento XVI, que foram publicados em um novo e longo livro-entrevista, "Luz do mundo". Eu gostaria de sugerir que, embora o Papa Bento XVI não tenha mudado de ideia sobre a contracepção artificial ou mesmo sobre a utilidade dos preservativos na prevenção do HIV/Aids, a nova visão é um passo à frente significativo por uma série de razões.

Permitam-me abordar esse argumento examinando três propostas.

Minha primeira proposta é que essas novas observações não mudam a "Humanae Vitae". O Papa não revogou a encíclica de Paulo VI de 1968 que proíbe o uso da contracepção artificial. Esse ensinamento ainda vigora, difícil como é para que alguns o aceitem. Com efeito, se olharmos atentamente para o problema em consideração – o da legitimidade ou não do uso de preservativos para prevenir a transmissão do HIV, dada a sua função como contraceptivo artificial –, vemos que estamos lidando com duas coisas completamente diferentes: a contracepção e a prevenção de doenças. A gravidez não é e nunca foi uma doença. Assim como nem a prevenção da concepção previne a transmissão do HIV. De fato, se olharmos para o exemplo que o Papa dá, ele está usando o caso de um prostituto (presumivelmente homossexual), do sexo masculino, em que não há de fato nenhuma possibilidade de que o ato sexual resulte em uma gravidez – apesar de o porta-voz do Papa, o Pe. Federico Lombardi, ter informado à imprensa desde logo que perguntou ao Papa se o gênero sexual do exemplo escolhido era significativo, e:

"Ele me disse 'Não' (...) O problema é este (...) Seria o primeiro passo para a responsabilidade e conhecimento dos riscos que a outra pessoa corre ao ter uma relação (...) Isso caso você seja um homem, uma mulher ou um transexual". [1]

Deve-se acrescentar também que o Papa não declarou os preservativos como a panaceia para a crise da Aids. Ele afirma claramente na entrevista que o preservativo não deve ser visto como "a" solução, ou mesmo como uma grande solução para o problema. A abstinência e a fidelidade conjugal são as soluções 100% certas para o problema, ele lembra a todos. Os preservativos não são 100% eficazes na prevenção da infecção pelo HIV e pode dar às pessoas uma falsa sensação de segurança, que poderia encorajá-las a assumir riscos desnecessários.

No entanto, minha segunda proposta é que uma "aplicação" um pouco diferente da "Humanae Vitae" pode estar em funcionamento aqui. Até recentemente, a sugestão foi oficialmente rejeitada pelo Vaticano de que o uso de preservativos para evitar a propagação do HIV era permissível sob a exceção permitida pela "Humanae Vitae", com relação ao "uso médico" da pílula (para efeitos de regulação dos ciclos menstruais).

Essa exceção pouco conhecida diz:

A Igreja, por outro lado, não considera ilícito o recurso aos meios terapêuticos, verdadeiramente necessários para curar doenças do organismo, ainda que daí venha a resultar um impedimento, mesmo previsto, à procriação, desde que tal impedimento não seja, por motivo nenhum, querido diretamente. ("Humanae Vitae", 15)

O que vemos aqui é, talvez, um reconhecimento da doutrina clássica de duplo efeito, que pode ser declarada como segue:

Uma ação deve ser boa ou pelo menos indiferente. O agente deve ter a intenção do efeito bom, mas não do efeito mau, embora ele ou ela pode prever o efeito maus. O efeito mau não pode ser um meio para o efeito bom, e o efeito bom deve compensar o efeito mau ou deve haver uma razão proporcional para permitir que o efeito mau ocorra. [2]

Aplicada à questão dos preservativos na prevenção da transmissão do HIV, podemos ver em esboço como isso pode funcionar: o "efeito mau" (contracepção) não é o meio pelo qual o "efeito bom" (prevenção da transmissão do HIV) é alcançada, mas é, pelo contrário, um efeito colateral do bem pretendido. Minha sensação é de que o Papa está, de fato, aplicando implicitamente essa cláusula da "Humanae Vitae" à situação atual, um ponto que parece ser corroborado pelo recente esclarecimento do Pe. Lombardi.

Essa é uma "inovação" bem-vinda no ensino magisterial que traz o Papa ao diálogo com muitos teólogos morais (conservadores e também liberais), que têm debatido esse caso há muitos anos. Martin Rhonheimer, dentre outros, teólogo de Roma e membro da Opus Dei, articulou muitos dos pontos que o Papa levantou em um artigo à revista The Tablet, em 2004 [3], no qual argumentava que o uso de preservativos para a prevenção do HIV, e não com a intenção de contracepção, não viola a "Humanae Vitae":

Este não é um apelo a "exceções" à norma que proíbe a contracepção. A norma sobre contracepção se aplica sem exceção. A escolha contraceptiva é intrinsecamente má. Mas, obviamente, só se aplica a atos contraceptivos, como definidos pela "Humanae Vitae", que encarnam uma escolha contraceptiva. Nem todo ato em que é utilizado um dispositivo que, de um ponto de vista puramente físico, é "contraceptivo" é, de um ponto de vista moral, um ato contraceptivo que é classificado pela norma ensinada pela "Humanae Vitae".

Ele continua:

Igualmente, um homem casado que está infectado pelo HIV e usa o preservativo para proteger a esposa da infecção não está agindo para tornar a procriação impossível, mas sim para prevenir a infecção. Se a concepção é impedida, esse será um efeito colateral "não intencional" e, portanto, não dará forma ao sentido moral do ato como um ato contraceptivo. Pode haver outras razões para alertar contra o uso d e um preservativo nesse caso, ou para aconselhar a continência total, mas elas não serão por causa do ensino da Igreja sobre a contracepção, mas sim por razões pastorais ou simplesmente prudenciais, como o risco, por exemplo, de o preservativo não funcionar.

Minha terceira proposta é que esse ensinamento reflete uma mudança no pensamento oficial católico e um reengajamento com a tradição moral católica. O que vemos com a afirmação do Papa também é uma aplicação do princípio da totalidade, quando se olha para a imagem global de um problema, a fim de situar a moralidade de um ato controverso. Permitam-me usar um exemplo:

Todos concordamos que a amputação de membros é ruim, uma vez que constitui a mutilação de uma pessoa.
Porém, pode-se amputar um membro gangrenado para evitar que a gangrena se espalhe e, portanto, para salvar todo o corpo da morte.
No entanto, não podemos dizer que, mesmo assim, o ato de amputação é um bem positivo. Ele é, na verdade, um mal menor.
Agora, essas tradições clássicas da aplicação daquilo que pode ser chamado de consciência contextual ou histórica para os problemas morais não parecem ter caracterizado fortemente grande parte da teologia moral magisterial oficial, particularmente no que se refere a questões de sexo. Como a transmissão do HIV é principalmente uma transmissão sexual, a ética da prevenção da transmissão do HIV tem sido, até agora, incorporada na – e muitas vezes confundida com – a ética do sexo. E a ética do sexo determinou (e possivelmente limitou) o que foi considerado pela Igreja como moralmente aceitável no que respeita à prevenção da propagação do HIV. Na declaração do Papa Bento XVI, talvez vejamos uma tentativa de abordar a crise do HIV em seu contexto mais amplo.

Curiosamente, pastores como Dom Kevin Dowling, de Rustenburg, e inúmeros teólogos morais [4] que defendem uma interpretação mais flexível do problema, com base em uma leitura mais ampla da tradição moral católica – em consonância com eminentes doutores da Igreja como Tomás de Aquino e Afonso de Ligório –, devem agora se sentir justificados em suas opiniões. Isso pode indicar uma possível glasnost entre o Vaticano e esses pastores e teólogos. Ao invés de não nos falarmos, ou mesmo falarmos uns contra os outros, pode ser que nós estamos começando a ver um novo modus operandi para aqueles que compartilham, ensinam e estudam a fé católica? Falamos uns com os outros; examinamos as ideias uns dos outros de uma forma respeitosa e amigável. Até mesmo supomos que cada um busca verdadeiramente a Verdade e o Bem.

Apesar daquilo que possa parecer para muitos "forasteiros" religiosos e liberais na Igreja como uma inovação bastante mundana e cautelosa por parte do Papa, eu sugeriria que, em minha última observação, há razões para um otimismo cauteloso pelas aplicações mais amplas do que apenas a crise do HIV.

Notas:

1. BBC News Europe, "Pope’s condom views clarified by the Vatican", 23 de novembro de 2010. http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-11821422

2. James Childress, "Christian Ethics, Medicine and Genetics", em Robin Gill (org.), The Cambridge Companion to Christian Ethics (Cambridge University Press, 2001), p. 264.

3. Martin Rhonheimer, "The truth about condoms", The Tablet, 10 de julho de 2004.

4. Ver, por exemplo: "New Directions in Sexual Ethics: Moral Theology and the Challenge of AIDS" (Geoffrey Chapman, 1998); James F. Keenan SJ (ed.), "Catholic Ethicists on HIV/Aids Prevention" (Continuum Books, 2000).

Os bispos católicos e o medo de agir e fazer

Cito aqui um site da UNSINOS, que acho muito interessante...

Painelistas de um recente fórum em Woodstock, na Filadélfia, EUA, convocaram os leigos católicos a agarrar as rédeas e definir o rumo do futuro da Igreja.

A reportagem é de Jerry Filteau, publicada no sítio National Catholic Reporter, 04-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Estamos nos tornando uma Igreja faça-você-mesmo" para os leigos, disse o padre jesuíta Thomas J. Reese (foto), um dos três membros seniores do Woodstock Theological Center, em Washington, que falou no fórum O Futuro da Igreja, organizado pelo Woodstock sobre as "fontes de esperança", realizado na St. Joseph's University, na Filadélfia, no dia 5 de dezembro.

A hierarquia católica dos EUA, hoje, está medrosa e defensiva, muito distante da hierarquia colaborativa e pastoralmente transformada que surgiu durante e após o Concílio Vaticano II, disse Dolores R. Leckey, ex-chefe do Secretariado para os Leigos, Família, Mulheres e Juventude da Conferência dos Bispos dos EUA, e uma notável escritora sobre espiritualidade.

Cabe aos leigos assumir a responsabilidade para onde a Igreja vai nos próximos anos, disseram Leckey, Reese, e o Pe. Raymond Kemp, sacerdote diocesano de Washington e diretor do programa Pregando a Palavra Justa de Woodstock. Os pronunciamentos foram feitos durante a sessão de duas horas com cerca de 300 católicos da região da Filadélfia.

Reese, cientista político, consultor de mídia nacionalmente conhecido e ex-editor da revista jesuíta America, disse: "Pessoalmente, como cientista social, eu tendo a ser pessimista quando olho para a Igreja. Mas, como cristão, acho que tenho que ser otimista. Isso faz parte do nosso DNA como cristãos. Afinal, a nossa religião é baseada em alguém que morreu e ressuscitou dentre os mortos".

Um recente estudo do Pew Forum mostrou que cerca de um terço dos adultos norte-americanos que foram criados como católicos já não são mais católicos, disse ele, e o número de sacerdotes e religiosos na Igreja dos EUA diminuiu drasticamente, com poucas e dispersas novas vocações.

"Aos 65 anos, sou considerado um padre jovem", disse ele, acrescentando que o sacerdócio católico pode ser a única profissão do país hoje em que alguém que morre de velhice ainda é considerado "jovem". Por causa da teologia sacramental da Igreja relacionada à ordenação, a falta de padres significa uma falta de acesso à Eucaristia e a outros sacramentos, enfraquecendo toda a estrutura institucional, disse Reese.

Ele afirmou que, para ele, o achado mais deprimente do estudo do Pew Forum foi que 71% dos ex-católicos disseram que haviam deixado a Igreja porque "'minhas necessidades espirituais que não foram correspondidas pela Igreja' – em outras palavras, nosso produto fundamental fracassou".

Outro importante fator negativo nas tendências de adesão dos católicos dos EUA, disse Reese, é que hoje, nos EUA, muitos dos que saem são mulheres.

"No século XIX, nós perdíamos homens na Europa. Nós não perdíamos mulheres", disse. "Hoje, nós estamos perdendo as mulheres também. As mães são mais importantes para a Igreja Católica do que os padres, porque elas são as que passam a fé para a próxima geração. São elas que ensinam as crianças a rezar, que respondem às suas perguntas sobre Deus etc. As mulheres são absolutamente essenciais. Se perdermos as mulheres, podemos muito bem fechar a loja. E, por isso, o pior disso tudo é que, quanto mais uma mulheres se educa, mais alienada ela tende a se tornar da Igreja Católica".

Reese disse que os líderes da Igreja, ao culpar a pecaminosidade, o dissenso, a falta de compromisso ou outros fatores pelo êxodo dos católicos da Igreja, estão ignorando um grande problema. "Se fôssemos uma loja, diríamos que estamos culpando os clientes – e essa não é uma boa forma para fechar as contas", disse ele.

Ele disse que uma atitude acolhedora, implementada em práticas de boas-vindas concretas, está faltando na maioria das paróquias católicas, e essa é uma das grandes fraquezas da prática católica dos EUA hoje.

"Quando foi a última vez que você entrou em uma igreja católica e foi realmente acolhido?", perguntou. "Nossas igrejas e nossas liturgias são chatas. Isso, penso eu, mais do que a teologia, é o que está afastando o nosso povo da nossa Igreja".

"O que você precisa é de boa música, boa pregação, programas para crianças e uma comunidade acolhedora", disse. "Se você tiver isso, você vai ter uma igreja cheia".

Ele chamou a Igreja Católica hoje de "um monopólio preguiçoso", em torno do qual as Igrejas evangélicas "estão correndo em círculos".

Como sinais de esperança, disse ele, a Igreja "é muito melhor hoje do que era" na década de 1950 e é uma Igreja "que sempre muda".

Ele citou o retorno ao conhecimento bíblico e à espiritualidade entre as principais causas de esperança da Igreja Católica hoje.

O foco católico na justiça social atrai os jovens católicos, "especialmente quando esse trabalho não é visto apenas como uma espécie de apêndice ao Cristianismo, como ser católico, mas está integrado na nossa espiritualidade, como parte do que somos, por isso torna-se parte de quem nós somos como cristãos – para muitos jovens católicos, isso se torna atrativo", explicou.

Sobre as perspectivas imediatas da Igreja para o futuro, "talvez Deus sabe o que está fazendo", disse. "Se você não tem clero, talvez o trabalho seja seu".

Leckey e Kemp tocaram notas similares sobre a responsabilidade dos leigos pelo futuro da Igreja.

Leckey, que recentemente terminou um livro, The Laity and Christian Education, da série "Redescobrindo o Vaticano II", da editora Paulus dos EUA, disse que o Concílio Vaticano II da década de 1960 é uma das principais razões para a sua esperança para o futuro da Igreja.

"O que aconteceu ali foi uma monumental conversão da consciência" entre os 2.500 bispos católicos do mundo, disse ela, e uma área-chave disso foi o reconhecimento do papel dos leigos, em virtude do seu batismo, na missão da Igreja e na propagação do Evangelho no mundo.

Ela contrastou a visão conciliar dos leigos com a visão pré-conciliar predominante, melhor expressa pelo Papa Pio X no início do século XX, quando disse: "Quanto aos fiéis leigos, eles não têm nenhuma outra obrigação senão deixar-se conduzir e, qual dócil rebanho, seguir os Pastores".

Além de rever a Igreja como Povo de Deus peregrino, o Concílio sublinhou a vocação universal à santidade e mudou o curso da narrativa da vida da Igreja, tornando-a mais bíblica e liturgicamente centrada, afirmou.

Hoje, observou ela, 85% dos ministros das paróquias dos EUA são leigos, sendo que a maioria são mulheres.

Kemp disse que a chave para um futuro de esperança para a Igreja é uma paróquia viva – uma paróquia que acolha as pessoas e convide-as a contribuir com seu tempo e seus talentos. Ele citou a paróquia de St. Patrick, em Chicago, como um bom exemplo, que tem cerca de 120 membros nos grupos de pastoral e atrai jovens de toda a cidade.

Outro sinal de esperança para o futuro da Igreja nos Estados Unidos, disse, é o seu envolvimento em obras de caridade e de justiça.

"Nós temos uma história para contar, que atrai as pessoas que não são católicas", disse. "Onde estamos? Estamos nas fronteiras. Onde estamos? Estamos no hospital de Aids na África. Onde estamos? Somos aqueles que estão acompanhando os ilegais ao longo do processo. Onde estamos? Somos aqueles que estão nas prisões. Somos aqueles que estão construindo casas fora dos centros de detenção, para que as famílias possam se reunir com seus parentes antes de serem deportados. Onde estamos? Como Igreja, educamos, alimentamos, abrigamos, vestimos, reassentamos aqueles que encontram seu caminho aqui do que qualquer outra ONG deste país".

Esse é o tipo de instituição que atrai os jovens que querem fazer a diferença no mundo, disse.

Durante uma sessão de perguntas e respostas depois da apresentação, os três painelistas salientaram a necessidade de que os leigos tomem a iniciativa, se quiserem ver as coisas acontecer na Igreja.

Quando foi questionada sobre como os leigos podem estabelecer um diálogo com seus bispos sobre temas que lhes interessam, Leckey sugeriu que a crescente colaboração de religiosos e leigos – muitas comunidades religiosas estabeleceram programas associados aos leigos – poderia servir como um modelo e uma forma de desenvolver esse diálogo.

É difícil fazer com que os bispos de hoje entrem nesse diálogo, porque eles não confiam nos leigos como fizeram depois do Concílio, disse ela.

"Nossos bispos estão com medo", disse. "Você não age defensivamente assim a menos que esteja morrendo de medo. Suas defesas estão levantadas. Elas não estavam levantadas nos dias logo depois do Concílio".