A praga dos católicos genéricos
Usando a expressão de Darcy Ribeiro sobre os índios
brasileiros de que hoje só existiam “índios genéricos” salvos raras exceções,
creio que temos uma praga nas Igrejas de hoje (especialmente falo das
católicas, mas creio que existam em igrejas protestantes e evangélicas também).
Creio que temos uma categoria de católicos genéricos que fazem mais mau do que
bem.
O que seriam eles? São gente que já foram católicos e (pelos
mais diversos motivos já não participam da comunidade). Um dia já foram
participantes e hoje não o são. O mal dessa categoria é que eles julgam as
atividades e as pessoas de hoje pelos seus critérios do passado, sem perceber
que a realidade, a Igreja e as pessoas mudaram. Congelam o passado em nome de
um “catolicismo cor-de-rosa” que nunca existiu, nem na época deles. Algo sem
conflitos e sem vida, como um museu, que vive no passado e do passado. Se você
entra num museu para conhecer o passado, você não entra numa igreja para a
mesma coisa. Você entra nela para que o passado (evangelho e outras leituras)
atualizem o presente e não vice-versa. Numa Igreja, o passado só tem sentido
pelo presente, gerando sentido hoje.
Aqui na minha região de Jaú (com cidades vizinhas), existe
muito católico genérico, que – embroa não vá mais nas comunidades, não pague o
dízimo, não discuta as questões da comunidade e nem dê o seu tempo em alguma
pastoral – ainda julga, critica e questiona cada passo que se dê, crendo que
tudo está uma merda.
O que esses católicos genéricos não sabem é que eles não são
mais católicos há muito tempo. Cristianismo tem uma raiz familiar, então se
você não participa mais dos encontros de família e não convive mais com os seus
parentes, você não tem o direito de criticá-los e de pedir ajuda numa
necessidade. Sei que parece duro, mas é verdade. O Papa Francisco tem feito um
apelo à misericórdia e quer nos colocar nessa dinâmica a partir do Ano Santo do
Jubileu.
Eu peço o mesmo: será que esses católicos genéricos não
podem ter um pouco de misericórdia e deixar as pessoas trabalhar para a renovação
da Igreja? Ou teremos que sempre ficar repisando o século XVI, onde muitas
coisas pararam de evoluir?
Por favor, mais misericórdia e menos críticas. E se quiser
criticar, vá lá e dê a sua contribuição, pessoal, financeira e de tempo. Aí você
terá direito de opinar. O resto é só arte do demônio para atrapalhar quem faz
alguma coisa. Acredito que ele exista e aja, mas não acredito que ele continue entrando em corpos pra vomitar suco de abacate. Creio que desse jeito de critica paralisadora, ele faça muito mais estrago na Igreja de Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário