sexta-feira, 20 de novembro de 2009

cristianismo e linguagem musical

Cristianismo e linguagem musical


Recentemente, estou fazendo uma experiência bastante interessante: em meus sermões estou usando arquivos .mp3 para fazer a ponte entre a narrativa do Evangelho de ontem com as canções que o apresentam na linguagem de hoje. Sim, creio que há muito do Evangelho de Cristo nas canções de rock, pop, samba e outros ritmos. Tenho certeza de que a mensagem de Jesus, o Cristo, não era só para ontem, mas ele ainda atinge a humanidade de hoje.
Há muitos adultos que têm preconceito contra o rock. Alguns fundamentalistas até acham que o diabo tem a ver com o rock. Raul Seixas já até fez algumas brincadeiras com esta besteira. O visual “demoníaco” do rock tem mais a ver com rebeldia da sociedade que se acha muito santa. E o rock sempre esteve presente no combate à guerra e à fome, apoiando as vitimas da AIDS e ajudando o movimento ecológico. Isto tem mais a ver com o evangelho de Jesus do que se pensa, mesmo a despeito das opiniões contrárias de fundamentalistas em geral.
O que tenho sentido nos meus sermões é que os jovens sentem-se identificados porque muitos querem ser seguidores de Jesus, sem o ranço de algumas expressões antigas do cristianismo. Sim, precisamos de uma nova forma de ser cristão. Formas mais engajadas e menos caretas, que consigam somar compromisso com Cristo, com os outros e com prazer. É preciso ser cristão sem deixar de gostar de sê-lo. Não dá pra ser cristão sem ter tesão pelo Cristo e por sua mensagem.
Sei que esta é apenas uma pequena iniciativa. Muito pequena aliás. Mas tenho visto o brilho dos olhos de alguns jovens de minha igreja, que querem gravar os meus sermões. Vaidade à parte, o que isto diz é que a iniciativa está acertando o alvo pretendido. O importante é falar de um jeito que os jovens gostam de ouvir e que entendem. Não sei se consigo sempre, mas quero correr o risco de tentar.
Sou muito criticado, às vezes, por colegas católicos que gostam das coisas mais antigas, de ritos mais assentados ou de uma linguagem mais rural. Na verdade, muitos têm é medo de arriscar e errar. Não os critico por isto, arriscar-se dá medo sempre. Mas os jovens adoram isto: é adrenalina na veia! Ai está a distância entre mim e outros colegas...
Mas sei que não sou o único que arrisca e está tentando fazer diferente, para pessoas que querem ser e fazer diferente, sem abandonar Jesus. Sei que não estou sozinho e isto me enche de esperança. Vou continuar tentando, sei que fazer a ponte entre uma música de O Rappa com o Evangelho nem sempre é fácil, mas é preciso tentar. Com Gabriel, o pensador, com Titãs, U2, Pitty ... não é mais fácil, mas o evangelho se casa bem com muitas destas letras. Fazer a ligação com algumas músicas do Legião Urbana pode ser mais fácil, mas é da década de 80 ou 90. E estou tentando ver o que o século 21 tem a oferecer para esta tentativa de ligação entre a linguagem antiga do Evangelho e a linguagem atual da nossa vida.
Nesta semana em que tivemos a morte do cantor Michael Jackson, pensar em um cristianismo que não demonize mas tente fazer a conexão com a música atual pode ser bem inspirador. Não pretendo me inspirar em Michael Jackson, apenas gostaria de ter a possibilidade de pensar coisas e ligações que ninguém pensou para atingir as pessoas, como ele o fez na sua época.

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